Atenção: A(s) questão(ões) a seguir refere(m)-se ao texto abaixo.
Como a Folha era o único veículo que mandava repórteres da sede em São Paulo para todos os comícios e abria generosamente suas páginas para a cobertura da campanha das Diretas, passei a fazer parte da trupe, dar palpites nos discursos, sugerir caminhos para as etapas seguintes. Viajava com os três líderes da campanha em pequenos aviões fretados, e, em alguns lugares, dr. Ulysses − era assim que se referiam a ele − fazia questão de anunciar minha presença no palanque. Eu sabia que, em outras circunstâncias, essas coisas não pegariam bem para um repórter. Àquela altura, no entanto, não me importava mais com o limite entre as funções do profissional de imprensa e as do militante. Ficava até orgulhoso, para falar a verdade.
Cevado pelas negociações de bastidores no Parlamento, em que tudo devia estar acertado antes de a reunião começar, o incansável Ulysses, que na Constituinte de 1987 passaria horas presidindo a sessão sem levantar sequer para ir ao banheiro, transmudara-se num palanqueiro de primeira. Impunha logo respeito, eu até diria que ele era reverenciado aonde quer que chegasse. A campanha das Diretas não tinha dono, e por isso crescia a cada dia. Mas, embora ele não tivesse sido nomeado, todos sabiam quem era o comandante.
Meu maior problema, além de arrumar um telefone para passar a matéria a tempo de ser publicada, era o medo de avião. "Fica calmo, meu caro jornalista, avião comigo não cai", procurava me tranquilizar dr. Ulysses, com seu jeito formal de falar até em momentos descontraídos. Muitos anos depois, ele morreria num acidente de helicóptero, em Angra dos Reis, no Rio, e seu corpo desapareceria no mar para sempre.
(Fragmento de Ricardo Kotscho. Do golpe ao Planalto: uma vida de repórter. São Paulo, Cia. das Letras, 2006, p.120)
Eu sabia que, em outras circunstâncias, essas coisas não pegariam bem para um repórter. (1.º parágrafo)
Essa afirmação tem como pressuposto a exigência que geralmente se faz a um repórter de
a)
distanciamento da participação política, ainda que por uma boa causa. |
b)
não envolvimento ou participação nos acontecimentos que está cobrindo. |
c)
não manifestar sua opinião pessoal a respeito dos acontecimentos que cobre. |
d)
manter uma absoluta imparcialidade diante dos fatos sobre os quais escreve. |
e)
não ficar junto dos líderes, mas dos anônimos que são o esteio dos movimentos. |
A afirmação de que o dr. Ulysses transmudara-se num palanqueiro de primeira (2.º parágrafo) indica a sua transformação
a)
do parlamentar sério e respeitado ao político populista, que procurava manipular o público por meio de sua retórica. |
b)
de presidente da Constituinte de 1987 ao político designado para liderar o movimento que ficou conhecido como Diretas Já! |
c)
do político que apoiava ações autoritárias ao líder de um movimento amplamente aberto e democrático. |
d)
de um articulador que planejava cuidadosamente suas ações a alguém que apenas se deixou levar pelos acontecimentos. |
e)
do negociador que se movimentava fora do alcance do público ao político que passou a se dirigir diretamente ao povo. |
O segmento cujo sentido está adequadamente expresso em outras palavras é:
a)
passei a fazer parte da trupe = iniciei-me nos mistérios do grupo hermético |
b)
era reverenciado aonde quer que chegasse = era tratado com condescendência nos lugares onde costumava aparecer |
c)
o único veículo que mandava repórteres = o meio exclusivo de comunicação que determinava os jornalistas |
d)
limite entre as funções do profissional de imprensa e as do militante = fronteira entre os ofícios do jornalista e os do ativista |
e)
jeito formal de falar até em momentos descontraídos = modo pernóstico de se expressar mesmo quando era leviano |
Muitos anos depois, ele morreria num acidente de helicóptero, em Angra dos Reis, no Rio, e seu corpo desapareceria no mar para sempre.
Com relação aos verbos grifados acima, é correto dizer que o emprego do tempo e modo em que estão conjugados indica
a)
ação posterior à época de que se fala. |
b)
incerteza sobre fato passado. |
c)
ação ocorrida antes de outra passada. |
d)
fato que depende de certa condição. |
e)
forma polida de abordar um fato trágico. |
A substituição do elemento grifado pelo pronome correspondente, com os necessários ajustes no segmento, foi realizada de modo INCORRETO em:
a)
único veículo que mandava repórteres = único veículo que os mandava |
b)
Impunha logo respeito = Impunha-o logo |
c)
fazia questão de anunciar minha presença = fazia questão de anunciá-la |
d)
um telefone para passar a matéria = um telefone para passar-lhe |
e)
sugerir caminhos para as etapas seguintes = sugeri- los |
"Fica calmo, meu caro jornalista, avião comigo não cai", procurava me tranquilizar dr. Ulysses...
O segmento em destaque exerce na frase acima a mesma função sintática que o elemento grifado exerce em:
a)
Como a Folha era o único veículo ... |
b)
... essas coisas não pegariam bem para um repórter. |
c)
... em que tudo devia estar acertado... |
d)
Viajava com os três líderes da campanha em pequenos aviões fretados... |
e)
... quem era o comandante. |
Mas, embora ele não tivesse sido nomeado, todos sabiam quem era o comandante.
Em relação à frase em que está inserido, o segmento grifado acima possui um sentido
a)
condicional. |
b)
causal. |
c)
concessivo. |
d)
comparativo. |
e)
conclusivo. |
Atente para as afirmações seguintes sobre a pontuação empregada nas frases transcritas:
I. ... e, em alguns lugares, dr. Ulysses - era assim que se referiam a ele - fazia questão de anunciar minha presença no palanque. Os travessões isolam um segmento explicativo e, sem prejuízo para a correção e a lógica da frase, poderiam ser substituídos por parênteses.
II. ... o incansável Ulysses, que na Constituinte de 1987 passaria horas presidindo a sessão sem levantar sequer para ir ao banheiro, transmudara-se num palanqueiro de primeira. A retirada simultânea das duas vírgulas não causaria prejuízo para a correção, a lógica e o sentido da frase.
III. "Fica calmo, meu caro jornalista, avião comigo não cai", procurava me tranquilizar dr. Ulysses, com seu jeito formal de falar até em momentos descontraídos.
As aspas poderiam ter sido dispensadas, pois seu emprego é facultativo quando não há dúvida de que o autor transcreve a fala de outrem.
Está correto SOMENTE o que consta em
a)
I. |
b)
II. |
c)
I e III. |
d)
I e II. |
e)
II e III. |
As regras de concordância estão plenamente respeitadas em:
a)
A campanha das Diretas, de que os mais jovens participaram ativamente, terão sempre lugar especial nos registros de nossa história recente, ao lado de episódios como o movimento caras-pintadas que, em 1992, levaram à deposição de um presidente. |
b)
Por mais diferenças que houvesse entre eles e o incansável dr. Ulysses, a maioria dos políticos que foram seus contemporâneos não lhe demonstrava senão grande admiração e profundo respeito. |
c)
A confusão entre as funções de jornalista e de militante, no caso de Ricardo Kotscho e de outros profissionais de nossa imprensa, tornaram possível um registro muito mais vivaz de várias personagens da campanha das Diretas. |
d)
Poucos episódios na história mais recente do Brasil pode nos inspirar tanto orgulho quanto a campanha das Diretas, ao longo dos anos 1983 e 1984, ainda que as eleições diretas para presidente, sua principal reivindicação, só tenha sido contemplada em 1989. |
e)
Não se confunda os raríssimos casos em que a separação das funções de jornalista e de militante podem ser justificadas com aqueles que merecem a condenação mais enfática. |
Constante de correspondência oficial enviada a um Ministro de Estado, a frase redigida de modo correto e adequado é:
a)
Solicitamos a Sua Excelência, Senhor Ministro, que avalieis a proposta de pauta para a próxima reunião ordinária, que enviamos anexo à esse documento. |
b)
Solicitamos a Sua Excelência, Senhor Ministro, que avalies a proposta de pauta para a próxima reunião ordinária, que enviamos anexada a este documento. |
c)
Solicitamos a Vossa Excelência, Senhor Ministro, que avalie a proposta de pauta para a próxima reunião ordinária, que enviamos anexa a este documento. |
d)
Solicitamos a Vossa Senhoria, Senhor Ministro, que avalie a proposta de pauta para a próxima reunião ordinária, que enviamos anexado à este documento. |
e)
Solicitamos a Vossa Excelência, Senhor Ministro, que avalieis a proposta de pauta para a próxima reunião ordinária, que enviamos em anexo a esse documento. |
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