Excesso de informação pode fazer com que o paciente, inconscientemente, desenvolva doenças por medo, alerta o neurologista Magnus Heier.
“A expectativa determina o desenvolvimento de doenças”, afirma. Segundo ele, podemos criar sintomas ou fazê-los desaparecer. Quem lê um artigo que diz que as radiações eletromagnéticas das antenas de celulares provocam doenças pode sentir dor de cabeça mesmo que a antena esteja desligada. É o chamado efeito nocebo.
“O efeito nocebo ocorre sobretudo quando se tem medo de uma doença ou do tratamento a ser enfrentado. Os efeitos colaterais ficam, então, muito mais fortes”, diz Heier. “Muitos pacientes com câncer começam a se sentir mal quando entram na sala da quimioterapia, porque inconscientemente esperam sentir náusea após a sessão.” Medo significa estresse para o corpo e pode debilitar o sistema imunológico. Assim, o corpo fica mais suscetível a infecções e surgem dores que não deveriam existir, explica o especialista.
Outros estudos confirmam tal fenômeno, como os realizados por médicos das clínicas universitárias de Regensburg e Tübingen. Winfried Häuser, Emil Jansen e Paul Enck publicaram estudos sobre o efeito nocebo entre 1960 e 2011 em todo o mundo, tendo verificado e compilado os resultados obtidos.
O termo nocebo, em latim, significa “fazer mal”, enquanto placebo significa “agradar”. Trata-se basicamente do mesmo efeito, só que um é negativo, e o outro, positivo. Ambos afetam as pessoas no ponto que elas menos podem controlar: o subconsciente.
O efeito nocebo geralmente ocorre quando recebemos muitas informações e não conseguimos ordená-las, especialmente ao buscar na internet por doenças e sintomas. Já a bula dos remédios lista todos os possíveis efeitos colaterais, mesmo que alguns raramente se manifestem, ou seja, em algo como um em cada dez mil pacientes. As empresas farmacêuticas são, porém, obrigadas a detalhar todas as possibilidades.
Diante disso, a orientação médica precisa é o principal meio de combater o efeito nocebo. Mas até mesmo a comunicação médico-paciente pode desencadear medos, se o médico não for cuidadoso. Não escutar com atenção, não fazer contato visual, não levar o paciente a sério ou intimidá-lo pode ser nocivo. O médico também deve ter cuidado para não usar um tom negativo e criar desconforto. Tudo isso pode ocorrer devido à falta de tempo, à pressão no trabalho ou porque os médicos querem ser transparentes sobre os possíveis riscos de um tratamento ou operação.
É fundamental que as dúvidas sejam esclarecidas, sempre com cautela, já que não se deve subestimar o impacto das informações sobre o subconsciente.
(http://saude.terra.com.br/doencas-e-tratamentos. Adaptado)
Conforme as informações do texto,
a)
fatores psicológicos podem influenciar o tipo de resposta que um paciente demonstra com relação a seu tratamento. |
b)
o efeito nocebo é um indício de que o tratamento adotado para combater determinada doença deve ser interrompido. |
c)
as bulas de remédio devem omitir os efeitos colaterais do medicamento para não amedrontar ou estressar o paciente. |
d)
as dores que surgem durante um tratamento são sintomas comprovados da ausência de informação dos pacientes sobre sua doença. |
e)
os efeitos colaterais de um tratamento podem ser mitigados pelo que se convencionou chamar de efeito nocebo. |
De acordo com o texto, no diálogo com o paciente, o médico deve
a)
mostrar-se otimista, dando garantias de cura para a enfermidade. |
b)
limitar-se a ouvir o paciente, eximindo-se de emitir sua opinião. |
c)
expressar-se com prudência, usando linguagem objetiva. |
d)
omitir os riscos envolvidos no tratamento a ser enfrentado. |
e)
ser lacônico, empregando um tom marcadamente imperativo. |
Na frase do segundo parágrafo – Quem lê um artigo que diz que as radiações eletromagnéticas das antenas de celulares provocam doenças pode sentir dor de cabeça mesmo que a antena esteja desligada. – a expressão destacada introduz, com relação à informação que a antecede, uma
a)
explicação. |
b)
consequência. |
c)
finalidade. |
d)
causa. |
e)
concessão. |
No quarto parágrafo, a forma verbal confirmam, em – Outros estudos confirmam tal fenômeno... –, tem sentido equivalente a
a)
corroboram. |
b)
impugnam. |
c)
infirmam. |
d)
confutam. |
e)
rechaçam. |
A palavra cuja regência atende às regras do português padrão está destacada em:
a)
O termo nocebo provém no latim, “fazer mal”. |
b)
Medo implica a estresse para o corpo. |
c)
Quem acredita que as radiações eletromagnéticas das antenas acarretam em doenças pode sentir dor de cabeça. |
d)
Assim, o corpo torna-se passível de contrair infecções. |
e)
Não se deve subestimar a maneira como as informações exercem influência sob o subconsciente. |
Assinale a alternativa que completa, respectivamente, as lacunas das frases, com sentido coerente e atendendo às regras do português padrão.
Muitos temem que as radiações eletromagnéticas possam _________________ doenças a quem mora nas proximidades das antenas de celulares.
Pacientes com câncer começam a se sentir mal quando entram na sala da quimioterapia, porque eles __________________ a expectativa de sentir náusea após a sessão.
A bula dos remédios alerta para os riscos que o tratamento ___________________ traria aos pacientes.
a)
infringir … têm … possívelmente |
b)
infligir … têm … possivelmente |
c)
infligir … tem … possívelmente |
d)
infringir … tem … possivelmente |
e)
infringir … têm … possivelmente |
A frase em que a concordância se dá em conformidade com o português padrão é:
a)
Nas últimas décadas, houveram algumas pesquisas relacionando o efeito nocebo ao efeito placebo. |
b)
Aparece, por causa do excesso de informação disponibilizada na internet, medos e dúvidas. |
c)
As empresas farmacêuticas detalham os efeitos colaterais que pode aparecer durante o tratamento. |
d)
Entre 1960 e 2011 foi publicado uma série de estudos sobre o efeito nocebo. |
e)
Segundo o neurologista Magnus Heier, criam-se sintomas apenas a partir da expectativa. |
Assinale a alternativa correta quanto à pontuação.
a)
Outros estudos como os realizados, por médicos das clínicas universitárias de Regensburg e Tübingen confirmam tal fenômeno. |
b)
O corpo fica mais suscetível a infecções e surgem dores que, como explica o especialista, não deveriam existir. |
c)
Medo significa estresse para o corpo e pode consequentemente, debilitar o sistema imunológico. |
d)
Mas até mesmo, a comunicação médico-paciente, se o médico não for cuidadoso pode desencadear medos no paciente. |
e)
Podemos segundo o neurologista Magnus Heier, criar sintomas ou fazê-los desaparecer. |
A colocação do pronome em destaque está de acordo com o português padrão na frase:
a)
Muitos dos efeitos colaterais listados nas bulas dos remédios não manifestam-se na maioria dos pacientes. |
b)
O efeito ocorre sobretudo quando teme-se uma doença ou o tratamento a ser enfrentado. |
c)
Ao orientar o paciente, deve-se ter o cuidado de ouvi-lo com atenção, mantendo o contato visual. |
d)
O neurologista Magnus Heier tem dedicado-se ao estudo do efeito nocebo. |
e)
É possível que experimente-se o efeito colateral da quimioterapia antes que a sessão aconteça. |
Assinale a alternativa em que o acento indicativo de crase está empregado corretamente.
a)
O medo pode levar à alteração do sistema imunológico. |
b)
O efeito placebo e o efeito nocebo remetem à um mesmo fenômeno. |
c)
O paciente pode chegar à resistir ao tratamento se não for bem orientado. |
d)
O estresse pode conduzir o corpo à algumas situações inusitadas. |
e)
O médico deve evitar expor o paciente à qualquer situação de desconforto. |
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