1 O conceito de verdade tem sido abordado e compreendido de diferentes formas por diversos pensadores e por diversas escolas filosóficas. Os filósofos gregos 4 começaram a buscar a verdade em relação ou oposição à falsidade, ilusão, aparência. De acordo com essa concepção, a verdade estaria inscrita na essência, sendo idêntica à 7 realidade e acessível apenas ao pensamento, e vedada aos sentidos. Assim, um elemento necessário à verdade era a “visão inteligível”; em outras palavras, o ato de revelar, o 10 próprio desvelamento. Já para os romanos, a verdade era Veritas, a veracidade. O conceito era sempre aplicado, isto é, remetia 13 a uma história vivida que pudesse ou não ser comprovada. Essa concepção de verdade subordinava-a, portanto, à possibilidade de uma verificação. A formulação do 16 problema do “critério de verdade” ocupou os adeptos da gnosiologia, aqueles que se dedicavam ao estudo das relações do pensamento, e de seu enunciado, sua forma de 19 tradução na comunicação humana com o objeto ou fato real, em que se buscava uma relação de correspondência. Para a lógica, o interesse circunscrevia-se na correção e(ou) 22 coerência semântica do discurso, da enunciação, descartando a reflexão sobre o mundo objetivo. Para o filósofo Heidegger, as verdades são respostas 25 que o homem dá ao mundo. Ressalte-se a utilização do termo no plural, quando o conceito de verdade perde o critério do absoluto e(ou) do indivisível. Portanto, não 28 haveria mais uma verdade filosófica, mas várias verdades. Esse sentido mais pluralista também é defendido por Foucault, para quem o significado de verdade seria o de 31 expressão de determinada época, cada qual com sua verdade e seu discurso.
Iluska Coutinho. O conceito de verdade e sua utilização no jornalismo. Internet: <www.metodista.br/unesco/gcsb> (com adaptações).
Assinale a opção correspondente à frase do texto que representa a síntese de suas ideias.
a)
"O conceito de verdade tem sido abordado e compreendido de diferentes formas por diversos pensadores e por diversas escolas filosóficas." (l.1-3) |
b)
"Os filósofos gregos começaram a buscar a verdade em relação ou oposição à falsidade, ilusão, aparência." (l.3-5) |
c)
"Assim, um elemento necessário à verdade era a 'visão inteligível'; em outras palavras, o ato de revelar, o próprio desvelamento." (l.8-10) |
d)
"A formulação do problema do 'critério de verdade' ocupou os adeptos da gnosiologia" (l.15-17) |
No texto, um fato ou estado considerado em sua realidade está expresso pelo verbo sublinhado em:
a)
"a verdade estaria inscrita" (l.6). |
b)
"o interesse circunscrevia-se" (l.21). |
c)
"não haveria mais uma verdade filosófica" (l.27-28). |
d)
"o significado de verdade seria o de expressão" (l.30). |
A respeito do texto, julgue os itens seguintes.
I. Tanto para os gregos como para os lógicos, a verdade constituía uma reflexão, acessível aos sentidos, não ilusória sobre o mundo.
II. Em latim, o conceito de verdade estava associado à experiência e dependia de verificação.
III. Para filósofos mais modernos, a verdade relaciona homem e mundo e varia nas diferentes épocas e discursos.
Assinale a opção correta.
a)
Apenas o item I está certo. |
b)
Apenas o item III está certo. |
c)
Apenas os itens I e II estão certos. |
d)
Apenas os itens II e III estão certos. |
Assinale a opção correta a respeito do emprego da crase nas estruturas linguísticas do texto.
a)
No segundo período do texto (L. 3-5), mantêm-se as relações semânticas, bem como a correção gramatical, ao se inserir à antes de "ilusão" e antes de "aparência". |
b)
Tanto o uso da crase em "à realidade" (L. 6-7) como da contração em "ao pensamento" (L. 7) justificam-se pelas relações de regência de "idêntica" (L. 6). |
c)
Nas linhas 12 e 13, preservam-se as relações de regência de "remetia", bem como a correção gramatical do texto, ao se inserir um sinal indicativo de crase em "a uma história". |
d)
A retirada do sinal indicativo de crase em "à possibilidade" (L. 14-15) provocaria erro gramatical e incoerência nas idéias do texto, por transformar objeto indireto em objeto direto na oração. |
Assinale a opção incorreta a respeito da função textual das estruturas linguísticas do texto.
a)
No encadeamento dos argumentos do texto, a expressão "essa concepção" (l.5) remete à ideia anterior, de "verdade em relação ou oposição à falsidade, ilusão, aparência" (l.4-5). |
b)
A expressão "em outras palavras" (l.9) tem a função de introduzir uma explicação ou um esclarecimento sobre como o conceito de 'visão inteligível' (l.9) deve ser compreendido. |
c)
O desenvolvimento das ideias do texto mostra que a expressão "gnosiologia" (l.17) deve ser interpretada como sinônimo de 'critério de verdade' (l.16). |
d)
Na organização da coesão textual, as duas ocorrências do vocábulo "mais" (l.28 e 29) associam as ideias das orações em que ocorrem às dos parágrafos anteriores, mas sua omissão não prejudicaria a correção ou a coerência textuais. |
1 A ciência moderna teve de lutar com um inimigo poderoso: os monopólios de interpretação, fossem eles a religião, o estado, a família ou o partido. Foi uma luta 4 travada com enorme êxito e cujos resultados positivos vão ser indispensáveis para criar um conhecimento emancipatório pós-moderno. O fim dos monopólios de 7 interpretação é um bem absoluto da humanidade. No entanto, como a ciência moderna colonizou as outras formas de racionalidade, destruindo, assim, o 10 equilíbrio dinâmico entre regulação e emancipação, em detrimento desta, o êxito da luta contra os monopólios de interpretação acabou por dar lugar a um novo inimigo, tão 13 temível quanto o anterior, e que a ciência moderna não podia senão ignorar: a renúncia à interpretação, paradigmaticamente patente no utopismo automático da 16 tecnologia e também na ideologia e na prática consumistas.
Boaventura de Sousa Santos. A crítica da razão indolente. São Paulo: Cortez, 2007, p. 95 (com adaptações).
Depreende-se da argumentação do texto que:
a)
a criação de um conhecimento pós-moderno apoia-se na utopia da ideologia e da prática consumista. |
b)
tanto uma interpretação monopolizada quanto a falta de interpretação são prejudiciais à humanidade. |
c)
tanto a ciência moderna quanto outras formas de racionalidade prejudicaram a luta contra os monopólios de interpretação. |
d)
o fim dos monopólios de interpretação teve como uma de suas consequências o enfraquecimento da religião, do Estado, da família e dos partidos. |
Assinale a opção correspondente à proposta de substituição para o texto que provoca erro ou incoerência textual.
a)
fosse em lugar de "fossem eles" (l.2) |
b)
seus em lugar de "cujos" (l.4) |
c)
Acabarem os monopólios de interpretação em lugar de "O fim dos monopólios de interpretação" (l.6-7) |
d)
deixar de em lugar de "senão" (l.14) |
No desenvolvimento das ideias do texto, introduz-se uma ideia de causa com o uso:
a)
de "para" (l.5). |
b)
de "como" (l.8). |
c)
de "destruindo" (l.9). |
d)
do sinal de dois-pontos depois de "ignorar" (l.14). |
1 Por muitos anos, pensávamos compreender o que era interpretado, o que era uma interpretação; inquietávamo-nos, eventualmente, a propósito de uma dificuldade em particular, 4 ocorrida no trabalho de interpretação. Nada mais. Atualmente, não temos certeza, já não estamos tão certos. O conflito de ideologias fez com que indagássemos sobre o que quer dizer 7 uma interpretação e duvidássemos sobre o que estávamos fazendo ou teríamos de fazer. Em vez desse tratamento que era dado à questão da 10 interpretação, a Teoria Crítica ou o Criticismo insiste em trabalhar com as palavras que estão inscritas em determinada página.
Célio Garcia. Graças à letra "soft", a estrutura "hard" dura. In: Hugo Mari et al. (Org.). Estruturalismo,
memória e repercussões. Belo Horizonte: UFMG/Diadorim, p. 192 (com adaptações).
Assinale a opção correspondente ao desdobramento para a frase "Nada mais." (R.4) que está gramaticalmente correto e coerente para o desenvolvimento da argumentação do texto.
a)
Nada mais nos inquietava. |
b)
Nada mais tínhamos para interpretar. |
c)
Nada mais pensávamos compreendermos. |
d)
Nada mais havia em um trabalho de interpretação. |
Assinale a opção incorreta a respeito do uso dos sinais de pontuação no texto.
a)
Na conexão de ideias, a conjunção e desempenharia a mesma função da vírgula depois de "interpretado" (l.2) e poderia substituí-la sem prejudicar a correção do texto. |
b)
A substituição das duas vírgulas que demarcam a explicação "a propósito de uma dificuldade em particular" (l.3) pelo duplo travessão preservaria a correção gramatical e a coerência textual. |
c)
Respeita-se a relação entre as ideias do texto e mantém-se sua correção gramatical com a substituição do ponto depois de "certos" (l.5) pelo sinal de dois-pontos, fazendo os necessários ajustes na inicial maiúscula. |
d)
Na linha 9, a inserção de uma vírgula depois de "tratamento" preservaria a correção do texto, mas deixaria de marcar o caráter restritivo da oração iniciada por "que era". |
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