Canudos era o ponto de equilíbrio para esse sertão castigado pela miséria, secas, submetido a um atraso, que chamo de planejado. A guerra teve o objetivo de tentar desfazer as ideias que estavam sendo ali criadas. Ideias de igualdade, de liberdade. Essa vivência independente, esse processo alternativo de comunidade inquietaram o poder. Canudos estava transformando a terra numa entidade humana, que acolhe as pessoas, as pessoas vêm e moram na terra, usufruem os frutos da terra, então era preciso destruir essa tese. Essa terra mãe, acolhedora, que no seu útero recebe os chamados deserdados, que foram expulsos, desapropriados, que foram dispersos como massa de manobra. Então, agora que essa terra passa a ser o leito sagrado, ao redor de um rio, que acolhe essa massa, os canhões vêm ensinar que a terra é contra o homem, a mulher, o povo.
(Pe. Enoque de Oliveira, in: Atílio Garret, Elizete Gomes, Silvionê Chaves. Canudos – terra em chamas. São Paulo: FTD, 1997, p. 39)
Dadas as inferências seguintes sobre o texto,
I. Considerando a objetividade das afirmações de seu autor, não é possível destacar elementos estruturais inerentes à dissertação argumentativa.
II. Para fundamentar o argumento central, o autor recorre ao sentido generalista de guerra, o qual se associa à ideia de mecanismo de revolução e proteção de classes sociais desfavorecidas.
III. Por acolher os que foram dispersos como massa de manobra, a terra desenvolve uma relação materna entre esses deserdados, expulsos e desapropriados.
IV. Segundo o autor, o atraso da região sertaneja também está relacionado a uma atitude de intencionalidade.
verifica-se que
a)
somente I e IV são verdadeiras. |
b)
somente III e IV são verdadeiras. |
c)
I, II e III são verdadeiras. |
d)
somente III é verdadeira. |
e)
somente I e III são verdadeiras. |
Copyright © Tecnolegis - 2010 - 2024 - Todos os direitos reservados.