UM CÃO APENAS
Subidos, de ânimo leve e descansado passo, os quarenta degraus do jardim – plantas em flor, de cada lado; borboletas incertas; salpicos de luz no granito – eis-me no patamar. E a meus pés, no áspero capacho de coco, à frescura da cal no pórtico, um cãozinho doente, com todo o corpo ferido; gastas as mechas brancas de pelo; o olhar dorido e profundo, com esse lustro de lágrimas que há nos olhos das pessoas muito idosas. Com grande esforço acaba de levantar-se. Eu não lhe digo nada; não faço nenhum gesto. Envergonha-me haver interrompido o seu sono. Se ele estava feliz, eu não devia ter chegado. Já lhe faltavam tantas coisas, que ao menos dormisse: também os animais devem esquecer, enquanto dormem (Cecília Meireles).
Ao escrever sobre um cão doente, Cecília Meireles explora formas de comunicação centradas na expressão do Eu. Isso quer dizer que
a)
não há intenção emotiva em seu texto. |
b)
seu objetivo é envolver o leitor, seduzir, convencer. |
c)
a ênfase está na subjetividade da autora, na sua condição de expressar opiniões. |
d)
há uma manutenção dos aspectos expressivos a partir do canal de comunicação. |
e)
a ênfase recai principalmente sobre a construção do texto, sobre a arrumação das palavras no espaço gráfico. |
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