O Texto I norteará a resolução das questões de . Por isso, leia-o e releia-o com bastante atenção.
TEXTO I
A FÉ CURA
Pesquisas sugerem novíssimas evidências de que a religiosidade tem o poder de auxiliar na cura de vários problemas de saúde — de tumores a depressão.
por RAQUEL DE MEDEIROS
design GUILHERME COLUGNATTI
fotos DERCÍLIO
01 A recuperação de pacientes com câncer está diretamente
ligada à sua religiosidade. Taxativo assim é o resumo dos
resultados de um estudo realizado na Universidade de São
Paulo, que foi divulgado há pouco. “Para começar, os
05 pacientes que têm uma crença religiosa se mostram mais
confiantes para lutar contra a doença”, explica a psicóloga
Joelma Ana Espíndula, que liderou a pesquisa. O trabalho
ouviu 12 voluntários em tratamento e 11 especialistas em
oncologia do Hospital Beneficência Portuguesa, em Ribeirão
10 Preto, no interior paulista. O surpreendente é que até mesmo
os profissionais de saúde entrevistados ressaltaram a
importância da religião para a melhora do quadro dos doentes.
“A maioria deles acredita que a fé ajuda a superar um problema
grave. Os médicos dizem que o sistema imunológico desses
15 indivíduos aparenta ser mais resistente, e talvez por isso eles
apresentem uma recuperação mais satisfatória”, conclui
Joelma.
Outro estudo, que leva a assinatura da Universidade de
Toronto, no Canadá, revela que a fé é um santo remédio contra
20 a ansiedade e a depressão. Ele prova que pessoas religiosas
ou que apenas acreditam na existência de Deus são menos
angustiadas e sentem menor culpa em relação aos próprios
erros. Os especialistas avaliaram a mente de 51 universitários
por meio de testes e da eletroencefalografia, método que se
25 vale de eletrodos dispostos na cabeça para medir as correntes
elétricas do cérebro. A maioria dos participantes era cristã,
mas no grupo também havia muçulmanos, hindus, budistas e
ateus.
“Nossa principal descoberta foi perceber que há um elo entre
30 as crenças religiosas e a atividade de uma parte da massa
cinzenta chamada de córtex cingulado anterior”, conta a
SAÚDE! o psicólogo Michael Inzlicht, que coordenou a
pesquisa. “Quanto mais as pessoas acreditam em Deus,
menos atuante é essa região.” Só para ter uma ideia, o córtex
35 cingulado anterior costuma trabalhar em dobro em
indivíduos pra lá de ansiosos.
O sentido que a religião dá para a vida dos pacientes pode
ser a chave para explicar esse fenômeno. “Suspeitamos que
se trata de uma proteção contra a ansiedade e a depressão
40 porque ela dá um significado para a vida”, afirma Inzlicht. A
oncologista Nise Yamaguchi, de São Paulo, compartilha da
mesma opinião. “A performance física de um indivíduo
depende de aspectos emocionais, mentais e espirituais. Quem
acredita que a vida continua após a morte tem uma postura
45 diferente da pessoa que não crê na continuidade”, diz Nise,
uma das mais conceituadas especialistas em câncer do país.
“Entre meus pacientes, percebo nitidamente o seguinte:
aqueles que querem educar filhos ou deixar um legado lutam
em dobro para recobrar suas forças.” Para dom João
50 Evangelista Kovas, prior do Mosteiro de São Bento, em São
Paulo, as benesses da fé são amplas, mas não livram
totalmente os homens de uma enfermidade. “Entre seus
inúmeros benefícios, está inclusive a aquisição de mais saúde.
Isso não quer dizer, porém, que aquele que tem fé não fique
55 doente nem passe por dificuldades na vida. A condição
humana presente é em muitos aspectos limitada.”
A aposentada Maria Dolores Cantero Montejano, 69 anos,
de Mombuca, no interior de São Paulo, teve dois grandes
sustos há cerca de dois meses. Tudo começou com uma
60 falta de ar, e o que era para ser uma simples consulta acabou
na UTI. Ela foi diagnosticada com um aneurisma e uma
infiltração pulmonar. Devota de São Frei Galvão e de Madre
Paulina, Maria Dolores levou a imagem da santa para o
hospital. “Rezei muito. Os médicos falaram que não sabiam
65 como eu estava viva”, recorda-se. Depois de uma radiografia,
a dona de casa teve outra surpresa desagradável: descobriu
que estava com duas vértebras fraturadas. “Devo ter
quebrado em julho do ano passado, quando levei um tombo
e caí da escada”, diz Maria. “Agora não posso varrer o chão
70 nem arrumar a cama. Preciso ficar de repouso para melhorar,
mas consigo andar. Continuo com muita fé nos meus santos”,
finaliza.
“Inúmeras pesquisas científicas mostram que pessoas
espiritualizadas são fisicamente mais saudáveis, requerem
75 menos assistência médica e, mesmo quando adoecem, têm
recuperação mais rápida e menor taxa de mortalidade”, diz
Marcelo Saad, fisiatra e coordenador do Comitê sobre
Religiosidade-Espiritualidade em Saúde do Hospital Israelita
Albert Einstein, na capital paulista. Estudioso do assunto,
80 ele também revela que os indivíduos mais religiosos têm
maior adaptação ao estresse, menor pendor ao abuso de
drogas e álcool, além de apresentarem risco reduzido de
desenvolver depressão ou cometer suicídio.
85 budista, podem baixar a pressão e fortalecer as nossas
defesas à medida que acalmam a mente. A explicação pode
estar em substâncias produzidas pelo corpo nos momentos
em que rezamos, ocasiões que não deixam de ser agradáveis.
“Nessas horas, o organismo secreta a serotonina, que é
90 conhecida como o hormônio da felicidade”, explica Nise
Yamaguchi.
E a serotonina é antagonista de outros hormônios, que entram
em cena em situações de muita tensão, como o cortisol e a
adrenalina. O problema é quando essa dupla vive em alta.
95 Daí, potencializa baques na imunidade e faz a pressão subir
que nem foguete. “Essas substâncias estão envolvidas na
origem ou no agravamento de vários males. O câncer, por
exemplo, é como um defeito que escapou à vigilância
imunitária”, teoriza Saad. Em quem tem fé, entre outras coisas
100 por causa da compensação da serotonina, os níveis do duo
por trás de tanto nervosismo ficam mais baixos.
Apesar do entendimento crescente sobre o impacto da
religião sobre as funções orgânicas, a ciência ainda engatinha
nesse campo. “Estamos numa fase de questionamentos, e
105 qualquer explicação mais específica de mecanismos é
prematura. Ninguém, no entanto, pode duvidar de que a fé
auxilia na recuperação de pacientes”, afirma o psicobiologista
José Roberto Leite, da Universidade Federal de São Paulo.
Além disso, muitas vezes a religiosidade pressupõe que a
110 pessoa está dentro de um grupo de relacionamento, ou seja,
aberta à interação social e à troca de afeto, o que é bastante
significativo. “Um dos grandes poderes da fé pode estar nessa
força de um indivíduo apoiando o outro”, completa Leite.
http://saude.abril.com.br/edicoes/0320/bem_estar/conteudo_533899.shtml?pag=1
http://saude.abril.com.br/edicoes/0320/bem_estar/conteudo_533899.shtml?pag=2
Com base na leitura do Texto I, podemos afirmar que o objetivo de Raquel Medeiros, em A fé cura, é:
a)
Defender o poder curativo da fé em todos os tipos de doença, inclusive as graves, tais como: depressão e tumores. |
b)
Criticar as pessoas que não possuem fé, mostrando que estas sofrem mais quando adoecem. |
c)
Apresentar pesquisas científicas, de âmbito nacional e internacional, que investigaram os efeitos positivos da fé no tratamento de doenças, inclusive as graves. |
d)
Mostrar que quem tem religião não adoece com facilidade e que, quando adoecem, ficam curadas. |
e)
Comparar explicações religiosas e científicas sobre a cura de doenças, principalmente as doenças graves. |
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