Os mitos − narrativas pelas quais os antigos buscavam explicar, simbolicamente, os principais acontecimentos da vida − continuam sugerindo lições, mesmo depois de a ciência ter encontrado explicação para tantos fenômenos. O mito de Prometeu, por exemplo, é um dos mais belos: fala de um titã que resolveu ensinar às criaturas o manejo do arado, a cunhagem das moedas, a escrita, a extração de minérios. Mas sobretudo lhes estendeu o poder e o uso do fogo, que furtou do Olimpo e que passou a ser o marco inicial da civilização. Zeus irritou-se com a ousadia de Prometeu e condenouo, como punição por ter possibilitado aos homens um poder divino, ao flagelo de ficar acorrentado a um penhasco do monte Cáucaso, sendo o fígado devorado por uma águia diariamente (os órgãos dos titãs se regeneram). Seu sofrimento durou várias eras, até que Hércules, compadecido, abateu a águia e livrou Prometeu de seu suplício. Entretanto, para que a vontade de Zeus fosse cumprida, o gigante passou a usar um anel com uma pedra retirada do monte − pelo que se poderia dizer que ele continuava preso ao Cáucaso. É um mito significativo e, como todo mito, deve ser sempre reinterpretado, a cada época, em função de um novo contexto histórico. Em nossos dias, Prometeu acorrentado e punido pode lembrar-nos os riscos do progresso, as perigosas consequências da tecnologia mal empregada, as catástrofes, em suma, que podem advir do abuso do fogo (como não pensar na bomba atômica, por exemplo?). Os pais sempre aconselham os filhos pequenos a “não brincarem com o fogo”. Claro que o aviso é específico, e se aplica diretamente ao medo de que ocorram queimaduras. Mas não deixa de ser interessante pensar que, se alguém não tivesse, qual Prometeu, “brincado” com o fogo, dominando-o, a humanidade não teria dado o primeiro passo no rumo da civilização.
(Euclides Saturnino, inédito)
As normas de concordância verbal estão plenamente observadas na frase:
a)
Todas as eras durante as quais afligiram-no o pior dos sofrimentos, Prometeu via seu fígado ser devorado diariamente por uma águia. |
b)
Aos deuses irritavam sempre, em virtude de não admitirem contestação a seus poderes, qualquer lampejo criativo que proviesse dos homens. |
c)
Um fundamento das tragédias gregas, podemos lembrar, consistem nos desafios ao poder de Zeus, lançados por um mortal que não o teme. |
d)
Advirtam-se as crianças para que sejam cautelosas com o fogo, já que a sedução das chamas só faz aumentar o perigo que estas representam. |
e)
Mesmo com todas as advertências que se faz a uma criança, é quase inevitável que venham a queimarse, mais cedo ou mais tarde. |
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