A ocupação econômica das terras americanas constitui
um episódio da expansão comercial da Europa. Não se trata de
deslocamentos de população provocados por pressão demo-
gráfica ou de grandes movimentos de povos determinados pela
ruptura de um sistema cujo equilíbrio se mantivesse pela força.
O comércio interno europeu, em intenso crescimento a partir do
século XI, havia alcançado um elevado grau de desenvol-
vimento no século XV, quando as invasões turcas começaram a
criar dificuldades crescentes às linhas orientais de abasteci-
mento de produtos de alta qualidade, inclusive manufaturas. O
restabelecimento dessas linhas, contornando o obstáculo oto-
mano, constitui sem dúvida alguma a maior realização dos
europeus na segunda metade desse século.
A descoberta das terras americanas é, basicamente, um
episódio dessa obra ingente. De início pareceu ser episódio
secundário. E na verdade o foi para os portugueses durante
todo um meio século. Aos espanhóis revertem em sua tota-
lidade os primeiros frutos, que são também os mais fáceis de
colher. O ouro acumulado pelas velhas civilizações da meseta
mexicana e do altiplano andino é a razão de ser da América,
como objetivo dos europeus, em sua primeira etapa de exis-
tência histórica. A legenda de riquezas inapreciáveis por des-
cobrir corre a Europa e suscita um enorme interesse por novas
terras. Esse interesse contrapõe Espanha e Portugal, “donos”
dessas terras, às demais nações europeias. A partir desse
momento a ocupação da América deixa de ser um problema
exclusivamente comercial: intervêm nele importantes fatores
políticos. A Espanha − a quem coubera um tesouro como até
então não se conhecera no mundo − tratará de transformar os
seus domínios numa imensa cidadela. Outros países tentarão
estabelecer-se em posições fortes.
O início da ocupação econômica do território brasileiro é
em boa medida uma consequência da pressão política exercida
sobre Portugal e Espanha pelas demais nações europeias.
(Fragmento adaptado de Celso Furtado. Formação Econômica do Brasil. 34. ed. S.Paulo: Cia. das Letras, 2007. p. 25)
Atente para as afirmações abaixo sobre a construção do texto.
I. Não se trata de deslocamentos de população provocados por pressão demográfica ou de grandes movimentos de povos determinados pela ruptura de um sistema cujo equilíbrio se mantivesse pela força. (1° parágrafo)
Com essa frase, o autor procura reforçar o argumento inicial sobre o caráter comercial da ocupação das terras americanas e, ao mesmo tempo, diferenciá-la de ocupações determinadas por outras razões.
II. A descoberta das terras americanas é, basicamente, um episódio dessa obra ingente. (2º parágrafo)
Essa frase introduz um novo tópico, a ser desenvolvido ao longo do parágrafo, com a qual o autor procura relativizar algumas das afirmações feitas no primeiro.
III. O início da ocupação econômica do território brasileiro é em boa medida uma consequência da pressão política exercida sobre Portugal e Espanha pelas demais nações europeias. (3º parágrafo)
A frase final contrapõe-se à afirmação inicial do texto, de modo a separar claramente os fatores que levaram à ocupação das terras brasileiras daqueles que resultaram na ocupação da América espanhola.
Está correto o que se afirma em
a)
I, apenas. |
b)
III, apenas. |
c)
II e III, apenas. |
d)
I, II e III. |
e)
I e II, apenas. |
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