1 Compreende-se que a festa, representando tal paroxismo de vida e rompendo de um modo tão violento com as pequenas preocupações da existência cotidiana, surja ao indivíduo como outro 4 mundo, em que ele se sente amparado e transformado por forças que o ultrapassam. A sua atividade diária, colheita, caça, pesca, ou criação de gado, limita-se a preencher o seu tempo e a prover as suas 7 necessidades imediatas. É certo que ele lhe dedica atenção, paciência, habilidade, mas, mais profundamente, vive na recordação de uma festa e na expectativa de outra, pois a festa figura para ele, 10 para a sua memória e para o seu desejo o tempo das emoções intensas e da metamorfose do seu ser.
Roger Caillois. O homem e o sagrado. Lisboa: Edições 70, 1988, p. 96-7 (com adaptações).
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