Texto II
1 Nenhum problema da ética ou da filosofia do direito
é tão difícil e complexo como o da justiça, e múltiplas são as
razões para isso. Em primeiro lugar, a justiça é, ao mesmo
4 tempo, uma ideia e um ideal, pois, se ela jamais se realizasse,
ao contrário de se manifestar concretamente como um dos
momentos necessários e mais altos da vida humana, seria mera
7 suposição, uma quimera não merecedora de nossa constante
atenção.
Todavia, por maiores que sejam os obstáculos
10 opostos ao nosso propósito de desvendá-la, e mesmo quando
proclamamos desconsoladamente a impossibilidade de chegar
até ela pelas vias da razão, não desaparece nossa aspiração de
13 que haja atos justos que dignifiquem a espécie humana. É que,
ainda que não consigamos defini-la, não podemos viver sem
ela.
16 Por outro lado, a justiça nunca se põe como um
problema isolado, porque sempre se acha em essencial
correlação com outros da mais diversa natureza, dos filosóficos
19 aos religiosos, dos sociais aos políticos, dos morais aos
jurídicos.
Nem podia ser de outra forma, em se tratando de uma
22 das questões basilares da história, a qual não pode ser vista
segundo uma continuidade linear, devendo ser vista como o
desenrolar de ciclos culturais diferentes, com diversificadas
25 conjunturas histórico-culturais.
Ora, cada ciclo ou conjuntura histórico-cultural tem
sua experiência da justiça, a sua maneira própria de realizá-la
28 in concreto, o que leva à conclusão de que, em vez de indagar
acerca de uma ideia universal de justiça, melhor será tentar
configurar, no plano concreto da ação, o que sejam atos justos.
Miguel Reale. Variações sobre a justiça (I). In: O Estado de S.Paulo,
4/8/2001. Internet: <http://home.comcast.net> (com adaptações).
Considerando os sentidos e aspectos linguísticos do texto acima, julgue o(s) item(ns) a seguir.