1 Leio que a ciência deu agora mais um passo definitivo. É claro que o definitivo da ciência é transitório, e não por deficiência da ciência (é ciência demais), que se supera a si 4 mesma a cada dia... Não indaguemos para que, já que a própria ciência não o faz — o que, aliás, é a mais moderna forma de objetividade de que dispomos. 7 Mas vamos ao definitivo transitório. Os cientistas afirmam que podem realmente construir agora a bomba limpa. Sabemos todos que as bombas atômicas fabricadas até hoje são 10 sujas (aliás, imundas) porque, depois que explodem, deixam vagando pela atmosfera o já famoso e temido estrôncio 90. Ora, isso é desagradável: pode mesmo acontecer que o próprio 13 país que lançou a bomba venha a sofrer, a longo prazo, as consequências mortíferas da proeza. O que é, sem dúvida, uma sujeira. 16 Pois bem, essas bombas indisciplinadas, mal-educadas, serão em breve substituídas pelas bombas n, que cumprirão sua missão com lisura: destruirão o inimigo, 19 sem riscos para o atacante. Trata-se, portanto, de uma fabulosa conquista, não?
Ferreira Gullar. Maravilha. In: A estranha vida banal. Rio de Janeiro: José Olympio, 1989, p. 109.
No que se refere aos sentidos e às estruturas linguísticas do texto acima, julgue o(s) item(ns) a seguir.
A visão do autor do texto a respeito das “bombas n” (linha 17) é positiva, o que é confirmado pelo uso da palavra “lisura” (linha 18) para se referir a esse tipo de bomba, em oposição ao emprego de palavras como “indisciplinadas” (linha 16) e “mal-educadas” (linha 17) em referência às bombas que liberam “estrôncio 90” (linha 11), estas sim consideradas desastrosas por atingirem indistintamente países considerados amigos e inimigos.
Certa. |
Errada. |
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