1 O filósofo francês Jean-Paul Sartre costumava dizer que o homem é um projeto. Se assim for, as sociedades humanas deveriam ter a mesma ambição. 4 A palavra “projeto” remete-se à antecipação e, em boa parte, ao voluntarismo. Não se trata unicamente de prever o futuro e, sim, de mudar o seu rumo em consequência de um 7 conjunto de valores e de necessidades. Porém, precisamos de um voluntarismo responsável que se esforce por formular propostas viáveis, sem cair na ilusão de que é possível medir as 10 forças pelas intenções generosas, como sugeria o poeta romântico polonês Adam Mickiewicz. Em outras palavras, para ganhar a guerra contra a pobreza e o atraso, devemos voltar ao 13 planejamento, um conceito oriundo da economia de guerra, indispensável à ecossocioeconomia de desenvolvimento. O planejamento caiu em descrédito com a queda do 16 Muro de Berlim, a implosão da União Soviética e a contrarreforma neoliberal baseada no mito dos mercados que se autorregulam. Seria ingênuo pensar que esse mito 19 desapareceu com a recente crise, mas, que ele está mal das pernas, está. Chegou, portanto, o momento de reabilitar e atualizar o planejamento. Até Jeffrey Sachs — diretor do Earth 22 Institute, da Columbia University, em Nova Iorque, e conselheiro do secretário-geral das Nações Unidas — pronuncia-se em favor de um planejamento flexível a longo 25 prazo, voltado para o enfrentamento dos três desafios simultâneos da segurança energética, segurança alimentar e edução da pobreza, buscando uma cooperação tripartite entre 28 os setores público e privado e a sociedade civil. Para tanto, convém prever vários níveis territoriais de planejamento, desde o nacional até o local, com um processo 31 interativo de cima para baixo e de baixo para cima. No nível técnico, essa tarefa se torna hoje mais fácil por termos saído da era do ábaco para a dos computadores. 34 O fenomenal crescimento da economia mundial no decorrer dos dois últimos séculos, baseado no uso das energias fósseis, provocou um aquecimento global de consequências 37 deletérias e, em parte, irreversíveis. Seria, no entanto, um erro considerar que o clima é a bola da vez e as urgências sociais podem esperar. Em 2007, existiam, no Brasil, 10,7 milhões de 40 indigentes e 46,3 milhões de pobres. E, enquanto os latifúndios de mais de mil hectares — 3% do total das propriedades rurais do Brasil — ocupam 57% das terras agriculturáveis, 43 4,8 milhões de famílias sem-terra estão à espera do chão para plantar. O planejamento digno deste nome deve enfrentar 46 simultaneamente os desafios ambientais e sociais.
Ignacy Sachs. Voltando ao planejamento. Internet:
<www.envolverde.com.br.> (com adaptações).
Com relação às ideias do texto, julgue o(s) item(ns):
Quanto à estrutura linguística do texto, julgue o(s) seguinte(s) item(ns):
O emprego de “Até” (L.21) contribui para reforçar o argumento apresentado pelo autor na defesa de suas ideias, mas a retirada desse termo não acarretaria prejuízo à correção gramatical do trecho em questão.
Certa. |
Errada. |
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