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Comentários / UFU - Universidade Federal de Uberlândia - Médico Cancerologista Clínico - Universidade Federal de Uberlândia - 2012


Tecnologia dos transplantes

	A evolução da medicina e da cirurgia é marcada por inovações que
	resultam em progressos exponenciais. Na língua inglesa, são denominados
	"breakthroughs". Thomas Edison não produziu uma vela com chama mais forte.
	Inventou a lâmpada baseada na incandescência a vácuo de um filamento de
5 	carvão e revolucionou o setor.
	Da mesma forma, estamos presenciando um "breakthrough" na
	tecnologia dos transplantes que abre novos horizontes para esse
	procedimento, justamente considerado o maior progresso da cirurgia no século
	20. Consiste em nova tecnologia que emprega órgãos "modificados".
10	Para compreendê-la, devemos lembrar que os órgãos sólidos
	atualmente transplantados são formados por uma matriz de sustentação e por
	um conjunto de células mais nobres, denominado parênquima, que realiza suas
	funções. A matriz extracelular é pouco ou nada antigênica, ou seja, não é
	rejeitada pelo receptor.
15	A nova tecnologia inclui: (1) retirada de todas as células do parênquima
	do órgão a ser transplantado por meio de uma lavagem com soluções contendo
	detergentes, enzimas e outros produtos com capacidade seletiva, isto é, de
	retirar apenas as células do parênquima, preservando a matriz (a chamada
	descelularização); (2) biópsia do órgão do receptor a ser substituído e
20 	separação das células do seu parênquima; (3) recelurização da matriz do órgão
	a ser transplantado por células do parênquima da biópsia ou por células-tronco
	do receptor; (4) oxigenação da matriz durante o tempo necessário para que
	estas células se multipliquem até reconstruir todo o parênquima; (5) transplante
	desse órgão "modificado", que não é rejeitado, uma vez que seu parênquima é
25 	constituído por células do próprio receptor.
	O método já foi usado com sucesso em humanos para transplante de
	pele, bexiga, pericárdio, válvulas cardíacas e traqueia. Pesquisadores da
	Universidade Harvard (EUA) já conseguiram transplantar fígados em roedores
	e prevê-se que, em cinco anos, também transplantes de rim, coração e pulmão
30 	sejam realizados com a nova técnica.
	Além de não causar rejeição, outra grande vantagem do novo método é
	aumentar a disponibilidade de órgãos para transplante. De fato, como os
	constituintes da matriz são mais resistentes à falta de oxigênio do que as
	células do parênquima, abrem-se perspectivas para o aproveitamento de
35 	órgãos também de doadores com coração parado.
	Atualmente, a captação de órgãos sólidos se limita a doadores com
	morte encefálica (com o coração ainda batendo). Essa dependência, além de
	diminuir a captação como um todo, exige equipamento e pessoal
	especializados, nem sempre disponíveis nos hospitais que atendem
40 	regularmente doadores em potencial.
	Como foi feito para o desenvolvimento da tecnologia atual, centros
	nacionais de pesquisa em transplante deveriam iniciar desde já projetos
	experimentais com a nova metodologia, mantendo sua tradição que nos trouxe
	até aqui: caminhar sempre com os pés firmes no chão, mas com os olhos nas
45 	estrelas.

RAIA, Silvano, Folha de S. Paulo, 10 de nov. 2011.

Questão:

[...] oxigenação da matriz durante o tempo necessário para que
estas células se multipliquem até reconstruir todo o parênquima.
(linhas 22 e 23)

No trecho acima, o termo negritado objetiva

Resposta errada
a)

adquirir o efeito de consequência.

Resposta correta
b)

aproximar de um limite com insistência nele.

Resposta errada
c)

exprimir noções de modo, meio, causa, concessão.

Resposta errada
d)

posicionar-se no interior de dois limites indicados.

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