46 O portão fica bocejando, aberto 47 para os alunos retardatários. 48 Não há pressa em viver 49 nem nas ladeiras duras de subir, 50 quanto mais para estudar a insípida cartilha. 51 Mas se o pai do menino é da oposição, 52 à ilustríssima autoridade municipal, 53 prima por sua vez da sacratíssima 54 autoridade nacional, 55 ah, isso não: o vagabundo 56 ficará mofando lá fora 57 e leva no boletim uma galáxia de zeros. 58 A gente aprende muito no portão 59 fechado.
ANDRADE, Carlos Drummond de. In: Carlos Drummond de Andrade:
Poesia e Prosa. Editora Nova Aguilar:1988. p. 506-507.
Observe a metáfora que inicia o poema — “O portão fica bocejando” — e o que se diz sobre ela.
I. Essa metáfora empresta ao portão faculdades humanas, constituindo, também uma prosopopeia ou personificação. Por outro lado, essa expressão aceita, ainda, a seguinte leitura: o portão representa metonimicamente a escola, com seus valores criticáveis e seus preconceitos.
II. O emprego da locução verbal de gerúndio “fica bocejando”, no lugar da forma simples boceja, dá à ação expressa pelo verbo bocejar um caráter de continuidade, de duração.
III. O gerúndio realça a própria semântica do verbo bocejar.
Está correto o que se afirma em
a)
I, II e III. |
b)
I e III apenas. |
c)
II e III apenas. |
d)
I e II apenas. |
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