A cultura erudita, assim chamada, ignora pura e simplesmente as manifestações simbólicas do povo. Ou então debruçase para encontrar o que há nela de espontâneo, enérgico, vital, brutal. A cultura erudita quer sentir um arrepio diante do selvagem.
Só há uma relação válida e fecunda entre o artista culto e a vida popular: a relação amorosa. Sem um enraizamento, sem uma empatia sincera e prolongada, o escritor, homem de cultura universitária, se enredará nas malhas do preconceito. Os equívocos desse olhar de fora significam, em última instância, uma estranheza, às vezes mal dissimulada em familiaridade. Quem de fato se deixa encantar pelos motivos populares faz música como um Villa-Lobos, ficção como um Guimarães Rosa, poesia como um Jorge de Lima.
(Adaptado de Alfredo Bosi, Dialética da colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. p. 330-331)
Considere as afirmações:
I. Na frase A cultura erudita quer sentir um arrepio diante do selvagem o autor admite o fato de que a cultura erudita sempre se sente superior à popular.
II. Os termos enraizamento e empatia sincera qualificam, no texto, a predisposição do artista que se deixa enredar nas malhas do preconceito.
III. Os três artistas nomeados no texto são exemplos de uma arte erudita que logrou, legitimamente, fecundar-se com os valores da cultura popular.
Em relação ao texto, está correto o que se afirma em
a)
I, II e III. |
b)
I e II, apenas. |
c)
I e III, apenas. |
d)
II e III, apenas. |
e)
III, apenas. |
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