Quando uma seca devastadora se abateu sobre o nordeste em 1970, Médici voou para Recife para uma inspeção pessoal, e ficou profundamente chocado. Dezenas de milhares de flagelados rumavam para as cidades costeiras. Médici concluiu o óbvio: a região nordestina, considerados os seus recursos, tinha excesso de população. De volta do Recife, Médici decidiu que o Nordeste e a Amazônia deviam ser atacados como um só problema. O Brasil construiria uma estrada transamazônica que abriria o “despovoado” vale amazônico. O excesso de população do Nordeste seria levado para a Amazônia atraída pelas terras férteis e baratas. Médici chamou a isso “a solução de dois problemas: homens sem terra do Nordeste e terras sem homens na Amazônia”.
(Thomas Skidmore. Brasil: de Castelo a Tancredo, 1964-1985, 1988. Adaptado.)
O projeto da Transamazônica tinha múltiplos significados para o governo do general Emílio Garrastazu Médici. Mas, em certa medida, a Transamazônica repetia um projeto reiteradamente aplicado pelos governantes brasileiros que
a)
ignoravam a miséria social provocada por secas periódicas e a questão da tênue presença do Estado em algumas regiões brasileiras. |
b)
procuravam resolver problemas sociais do Nordeste por meio do desenvolvimento da Amazônia e, ao mesmo tempo, proteger um território de importância geopolítica. |
c)
favoreciam a elite social agrária do Nordeste brasileiro, deslocando, para a selva amazônica, militantes políticos e camponeses ligados aos sindicatos rurais. |
d)
atendiam aos apelos das populações das cidades litorâneas brasileiras, preocupadas com a periódica invasão de flagelados e retirantes oriundos da Amazônia. |
e)
insistiam na divisão, entre os camponeses sem terra, dos latifúndios nordestinos e, nesse meio tempo, transferiam parte da mão de obra excedente para o território amazonense. |
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