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Comentários / PGE - Procuradoria Geral do Estado - Bahia - Analista de Procuradoria - Apoio Administrativo - FCC - Fundação Carlos Chagas - 2013 - Prova Objetiva


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Atenção: A(s) questão(ões) a seguir refere(m)-se ao texto seguinte.

Num belo poema, intitulado “Traduzir-se”, Ferreira Gullar aborda o tema de uma divisão muito presente em cada um de nós: a que ocorre entre o nosso mundo interior e a nossa atuação junto aos outros, nosso papel na ordem coletiva. A divisão não é simples: costuma-se ver como antagônicas essas duas “partes” de nós, nas quais nos dividimos. De fato, em quantos momentos da nossa vida precisamos escolher entre o atendimento de um interesse pessoal e o cumprimento de um dever ético? Como poeta e militante político, Ferreira Gullar deixou-se atrair tanto pela expressão das paixões mais íntimas quanto pela atuação de um convicto socialista. Em seu poema, o diálogo entre as duas partes é desenvolvido de modo a nos fazer pensar que são incompatíveis.

Mas no último momento do poema deparamo-nos com esta estrofe:

“Traduzir uma parte na outra parte − que é uma questão de vida ou morte − será arte?”

O poeta levanta a possibilidade da “tradução” de uma parte na outra, ou seja, da interação de ambas, numa espécie de espelhamento. Isso ocorreria quando o indivíduo conciliasse verdadeiramente a instância pessoal e os interesses de uma comunidade; quando deixasse de haver contradição entre a razão particular e a coletiva. Pergunta-se o poeta se não seria arte esse tipo de integração. Realmente, com muita frequência a arte se mostra capaz de expressar tanto nossa subjetividade como nossa identidade social. Nesse sentido, traduzir uma parte na outra parte significaria vencer a parcialidade e chegar a uma autêntica participação, de sentido altamente político. O poema de Gullar deixa-nos essa hipótese provocadora, formulada com um ar de convicção.

(Belarmino Tavares, inédito)

Questão:

O tema central do texto está adequadamente identificado na seguinte formulação: cada um de nós costuma enfrentar, com frequência,

Resposta errada
a)

a tensão permanente entre os nossos desejos e os dos nossos desafetos.

Resposta errada
b)

a contradição insolúvel entre o que queremos e o que podemos.

Resposta correta
c)

o desafio de compatibilizarmos nossa subjetividade e nossa atuação social.

Resposta errada
d)

a dúvida de que a arte possa proporcionar a paz que a política abomina.

Resposta errada
e)

o contraste entre os valores que desprezamos e aqueles que idealizamos.

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