Para responder à(s) questão(ões) seguinte(s) considere o texto abaixo.
Eu queria usar palavras de ave para escrever. Onde a gente morava era um lugar imensamente e sem [nomeação. Ali a gente brincava de brincar com palavras tipo assim: Hoje eu vi uma formiga ajoelhada na pedra! A Mãe que ouvira a brincadeira falou: Já vem você com suas visões! Porque formigas nem têm joelhos ajoelháveis e nem há pedras de sacristias por aqui. Isso é traquinagem da sua imaginação. O menino tinha no olhar um silêncio de chão e na sua voz uma candura de Fontes. O Pai achava que a gente queria desver o mundo para encontrar nas palavras novas coisas de ver assim: eu via a manhã pousada sobre as margens do rio do mesmo modo que uma garça aberta na solidão de uma pedra. Eram novidades que os meninos criavam com as suas palavras. Assim Bernardo emendou nova criação: Eu hoje vi um sapo com olhar de árvore. Então era preciso desver o mundo para sair daquele lugar imensamente e sem lado. A gente queria encontrar imagens de aves abençoadas pela inocência. O que a gente aprendia naquele lugar era só ignorâncias para a gente bem entender a voz das águas e dos caracóis. A gente gostava das palavras quando elas perturbavam o sentido normal das ideias. Porque a gente também sabia que só os absurdos enriquecem a poesia. (BARROS, Manoel de, Menino do Mato, em Poesia Com- pleta, São Paulo, Leya, 2013, p. 417-8.)
Em uma redação em prosa, para um segmento do poema, a pontuação se mantém correta em:
a)
A Mãe, que tinha ouvido a brincadeira, falou: “Já vem você com suas visões!” Porque formigas nem têm joelhos ajoelháveis, nem há pedras de sacristias por aqui: “Isso é traquinagem da sua imaginação”. |
b)
A Mãe que tinha ouvido a brincadeira, falou: — Já vem você com suas visões! Porque formigas nem têm joelhos ajoelháveis, nem há pedras de sacristias por aqui: —Isso é traquinagem da sua imaginação. |
c)
A Mãe, que tinha ouvido a brincadeira falou: “Já vem você com suas visões!, porque formigas, nem têm joelhos ajoelháveis, nem há pedras de sacristias por aqui. Isso é traquinagem da sua imaginação”. |
d)
A Mãe que tinha ouvido a brincadeira, falou: “Já vem, você com suas visões!”; porque formigas nem têm joelhos ajoelháveis e nem há pedras de sacristias por aqui. Isso é traquinagem da sua imaginação. |
e)
A Mãe que, tinha ouvido a brincadeira, falou: “Já vem você com suas visões!” Porque formigas, nem têm joelhos ajoelháveis, nem há pedras de sacristias por aqui. “Isso, é traquinagem da sua imaginação”. |
Essa alterna A me parece errada pois tenho minhas dúvidas quanto à pontuação de exclamação dentro do parêntese. Fui pesquisar e achei essa explicação:
Existem os dois casos: aspas e ponto / ponto e aspas. As instruções oficiais rezam que se coloca o sinal de pontuação depois das aspas quando estas “encerram apenas uma parte da proposição”, mas que o ponto vem antes das aspas quando elas “abrangem todo o período, sentença, frase ou expressão”, ou seja, quando a citação é integral. Trocando em miúdos:
Caso 1 – As aspas vêm antes do ponto quando a citação é a continuação da frase que você está escrevendo, pois o ponto fecha o período, e não apenas a citação. Exemplos:
Já antecipava McLuhan na década de 60 que “a mudança se tornou a única constante de nossa vida”.
Já antecipava McLuhan na década de 60: “A mudança se tornou a única constante de nossa vida”.
Enquanto não houver “uma nova, forte e legítima razão de interesse comum”, finaliza o relator, os condôminos continuarão a utilizar tais áreas, em conformidade com o “princípio ético de respeito às relações definidas por décadas de convívio”.
Um detalhe: quando se acrescentam dados entre parênteses, o ponto vai no final de tudo, depois do parêntese:
“Eles compõem o cérebro da rede e localizam-se em todos os seus entroncamentos” (Pessini, 1986, p. 14).
Caso 2 – As aspas vêm depois do ponto quando a citação é feita por inteiro e isoladamente:
“Saber é poder.”
“Informação não é o mesmo que conhecimento.”
E quando se faz uma citação com várias frases, portanto com vários pontos no meio, as aspas são colocadas no final de tudo, isto é, depois do último ponto:
Assim se refere a comissão da ABL ao uso do não hifenizado: “Está claro que, para atender a especiais situações de expressividade estilística com a utilização de recursos ortográficos, se pode recorrer ao emprego do hífen neste e em todos os outros casos que o uso permitir. É recurso a que se socorrem muita línguas. [...] Não é, portanto, recurso para ser banalizado.”
Por isso, penso que não há alternativa correta nessa questão. Ela não foi anulada?
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