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Comentários / Petrobrás - Técnico de Administração e Controle Júnior - CESGRANRIO - 2015 - Prova Objetiva


A pátria de chuteiras

			O estilo de jogo e as celebrações dos torcedores
		são publicamente reconhecidos no Brasil como
		traços nacionais. Em um plano, temos o tão celebra-
		do “futebol-arte” glorificado como a forma genuína de
	5	nosso suposto estilo de jogo, e o entusiasmo e os
		diversos modos de torcer como características típicas
		de ser brasileiro. Mas, no plano organizacional, não
		enaltecemos determinados aspectos, uma vez que
		eles falam de algo indesejado na resolução de obs-
	10 	táculos da vida cotidiana. Nesse sentido, tais traços
		do famoso “jeitinho” brasileiro não são considerados
		como representativos do Brasil que idealizamos.
			Repetido diversas vezes e vendido para o ex-
		terior como uma das imagens que melhor retrata o
	15 	nosso país, o epíteto “Brasil: país do futebol” merece
		uma investigação mais cuidadosa. Essa ideia foi uma
		“construção” histórica que teve um papel importante
		na formação da nossa identidade. Internamente a uti-
		lizamos, quase sempre, com um viés positivo, como
	20 	uma maneira de nos sentirmos membros de uma na-
		ção singular, mais alegre.
			Não negamos a sua força nem sua eficácia sim-
		bólica, mas começamos a questionar o papel dessa
		representação na virada do século, bem como a atual
	25 	intensidade de seu impacto no cotidiano brasileiro.
		Se a paixão pelo futebol é um fenômeno que ocorre
		em diversos países do mundo, o que nos diferencia
		seria a forma como nos utilizamos dele para cons-
		truirmos nossa identidade e conquistas em compe-
	30 	tições internacionais? Observemos, no entanto, que
		ser um aficionado não significa necessariamente se
		valer do futebol como metáfora do país.
			A Copa do Mundo possui uma estrutura narrativa
		que estimula os nacionalismos. O encanto da com-
	35 	petição encontra-se justamente no fato de “fingirmos”
		acreditar que as nações estão representadas por 11
		jogadores. O futebol não é a nação, mas a crença de
		que ele o é move as paixões durante um Mundial.
		Mas, ao compararmos a situação atual com a car-
	40 	ga emocional de 1950 e 1970, especulamos sobre a
		possibilidade de estarmos assistindo a um declínio do
		interesse pelo futebol como emblema da nação.
			O jogador que veste a camisa nacional também
		representa clubes da Europa, além de empresas
	45 	multinacionais. As marcas empresariais estão amal-
		gamadas com o fenômeno esportivo. As camisas e
		os produtos associados a ele são vendidos em todas
		as partes do mundo. Esse processo de desterritoria-
		lização do ídolo e do futebol cria um novo processo
	50 	de identidade cultural. Ao se enaltecer o futebol como
		um produto a ser consumido em um mercado de en-
		tretenimento cada vez mais diversificado, sem um
		projeto que o articule a instâncias mais inclusivas, o
		que se consegue é esgarçar cada vez mais o vínculo
	55 	estabelecido em décadas passadas.
			Se o futebol foi um dos fatores primordiais de
		integração nacional, sendo a seleção motivo de or-
		gulho e identificação para os brasileiros, qual seria o
		seu papel no século 21? Continuar resgatando sen-
	60 	timentos nacionalistas por meio das atuações da se-
		leção ou estimulá-los despertando a população para
		um olhar mais crítico sobre o papel desse esporte na
		vida do país?

HELAL, R. Ciência Hoje, n. 314. Rio de Janeiro: SBPC e Instituto Ciência Hoje. Maio de 2014. p. 18-23. Adaptado.

Questão:

A expressão “"pátria de chuteiras"”, que se encontra no título do texto, refere-se à ideia de que o

Resposta errada
a)

amor pelo futebol ocorre em vários países porque seus povos são aficionados pelo esporte.

Resposta correta
b)

futebol tem uma força simbólica na formação da identidade nacional do povo brasileiro.

Resposta errada
c)

"jeitinho” brasileiro" é uma das formas mais eficientes de vencer partidas e ganhar competições

Resposta errada
d)

jogador de futebol brasileiro destaca-se no mundo inteiro por sua competência e habilidade.

Resposta errada
e)

processo de desterritorialização dos jogadores de futebol cria uma nova identidade cultural.

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