Há palavras estrangeiras absolutamente necessárias para nossa comunicação, como é o caso de termos técnicos ligados à computação ou de vocábulos cujo sentido muito específico na língua original torna muito difícil, ou quase impossível, encontrar tradução adequada.
Mas é um tanto ridículo o abuso pretensioso de palavras estrangeiras, como “off” em dez de desconto, ou “free” em vez de grátis. Nos programas de congressos, em vez de se ler “Intervalo para café” ou, mais simplesmente, “Cafezinho”, lê-se “coffee break”. Aqui, o ridículo pesa de um modo especial. Tomar um cafezinho é um hábito brasileiro, é um momento de sociabilidade. Antes dos “shopping centers” (eis aqui uma expressão estrangeira já integrada em nossa vida), havia no país incontáveis “cafés” de rua, pequenos estabelecimentos que eram pontos de conversa amiga.
Desde o século XIX o Brasil teve boa parte de sua economia sustentada pelo café, exportou café para o mundo, criaram-se muitos postos de trabalho, fortunas se fizeram, exportamos, exportamos, exportamos – e de repente ele volta para nós importado, com sotaque americano, como prova de prestígio: “coffee break”. É como se a matriz central devolvesse para a filial da periferia aquela banana importada que agora volta com selo de exportação para os que acham que em inglês tudo fica mais importante. Para aceitar aquilo que os estrangeiros possam ter de melhor não é preciso subestimar o que seja legitimamente nosso, e alimentar assim um tolo complexo de inferioridade.
(Adalberto Tolentino, inédito)
Quanto ao emprego de termos estrangeiros em nosso país, a posição do autor do texto consiste, resumidamente, em
a)
abolir toda e qualquer palavra ou expressão cujo sentido técnico esteja fora do alcance do brasileiro. |
b)
discriminar esse uso, justificando em cada caso a razão pela qual devem ou não ser evitados. |
c)
acatar esse uso, desde que a razão disso seja o fato de não haver expressão similar em nossa língua. |
d)
tolerar essa prática, uma vez que ela já está arraigada no uso comum do falar brasileiro. |
e)
acolher os vocábulos que constituírem uma espécie de apropriação de palavras do português. |
Penso ser discutivel a resposta B, uma vez que o termo DISCRIMINAR pode ser empregado com a acepção de SELECIONAR, equivalente a "acatar com criterio", que é o que o autor defende... enfim, apenas um comentario pessoal.
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