O trecho a seguir foi extraído da obra ‘Memórias do Cárcere’, de Graciliano Ramos.
“Nunca tivemos censura prévia em obra de arte. Efetivamente se queimaram alguns livros, mas foram raríssimos esses autos-de-fé. Em geral a reação se limitou a suprimir ataques diretos, palavras de ordem, tiradas demagógicas, e disto escasso prejuízo veio à produção literária. Certos escritores se desculpam de não haverem forjado coisas excelentes por falta de liberdade - talvez ingênuo recurso de justificar
inépcia ou preguiça. Liberdade completa ninguém desfruta: começamos oprimidos pela sintaxe e acabamos às voltas com a Delegacia de Ordem Política e Social, mas, nos estreitos limites a que nos coagem a gramática e a lei, ainda nos podemos mexer”.
Em relação à interpretação do texto, pode-se afirmar que o autor:
a) denuncia a prática dos governos autoritários brasileiros de censurarem previamente as obras de arte.
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b) se queixa de que, se não fossem os ataques do Estado, a qualidade da nossa literatura seria bem maior.
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c) argumenta que a ausência de liberdade total não foi um grande obstáculo à produção literária de alta qualidade.
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d) indica duas barreiras que impediram por completo o desenvolvimento da literatura nacional: a gramática e a lei.
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