Leia o texto, para responder à questão.
Entre os números que contam a grandeza do Município de Cachoeiro do Itapemirim, há este, capaz de espantar o leitor distraído: 25 379 pios de aves, anualmente. Não, a Prefeitura não espalhou pela cidade e distritos equipes de ouvidores municipais, encarregados de tomar nota cada vez que uma avezinha pia.
Trata-se de pios feitos para caçadores de pássaros. E quem os faz é uma família de caçadores de ouvido fino – os Coelho, cujas três gerações moram na mesma e linda ilha, onde o rio se precipita naquele encachoeirado, ou cachoeiro, que deu o nome à cidade. Trata-se de um artesanato sutil; não lhe basta a perícia técnica de delicados torneiros que faz desses pios bem acabados pequenas obras de arte; exige uma sensibilidade que há de estar sempre aguçada. Direis que é uma arte assassina; e, na verdade, incontáveis milhares de bichos do Brasil e da América do Sul já morreram por acreditar, em algum momento de fome ou de amor, naqueles pios imaginados entre os murmúrios do rio Itapemirim.
Dizem que os Coelho fazem até, em segredo, pios para caçar mulher. Famosa caçada é essa, em que não raro é o caçador a presa da caça. Não sei. Ainda que eu seja Coelho pela parte de mãe, devo ser de outro ramo, visto que nunca me deram um pio desses. Nem quero.
(Rubem Braga, “Quinca Cigano”. Elenco de cronistas brasileiros modernos. Adaptado)
O dado que leva o narrador a destacar a importância do município de Cachoeiro de Itapemirim é
a) a existência de equipes de ouvidores da prefeitura que anotam os pios de aves.
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b) a quantidade de pios fabricados por ano pela família Coelho, que chega a milhares.
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c) a ilha em que moram os Coelho, bem à beira da cachoeira que dá nome à cidade.
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d) a sensibilidade dos que transformam os pios de aves em obras de arte.
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e) o registro dos inúmeros assassinatos cometidos no município pelos imitadores de pios.
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