Notava as coisas e via que mandava comprar um frangão, quatro ovos e um peixe para comer, e nada lhe traziam, porque não se achava na praça, nem no açougue, e, se mandava pedir as coisas e outras às casas particulares, lhas mandavam. Então disse o bispo: verdadeiramente que nestas terras andam as coisas trocadas, porque toda ela não é republica, sendo-o cada casa.
(SALVADOR, Frei Vicente do. História do Brasil: 1500-1627. Livro I, cap.II, p.42-3, NOVAIS, Fernando A. (Org.). História da vida privada no Brasil : cotidiano e vida privada na América Portuguesa. São Paulo: Companhia das Letras, 1997, p.14).
As condições de privacidade na colônia eram marcadas
a) pela ausência de empecilhos à sua constituição, haja vista a preocupação das autoridades portuguesas em estabelecer, por decreto, uma clara distinção entre esfera pública e esfera privada.
|
b) por uma absorção da esfera privada pela esfera pública, em decorrência da baixa expressividade que os núcleos familiares possuíam no processo de produção e circulação de bens.
|
c) pela grande diversidade quanto às suas formas de manifestação, tendo em vista a proliferação dos espaços públicos de sociabilidades, em detrimento dos espaços privados de convivência.
|
d) por uma absorção da esfera pública pela esfera privada, como resultado da política de estatização dos espaços de satisfação das necessidades do consumo privado de bens e serviços.
|
e) pela imbricação entre as esferas do público e do privado, que contribuía para a atribuição de funções de utilidade pública à esfera privada, nos arranjos de sociabilidades desenvolvidos entre os diferentes sujeitos.
|
Copyright © Tecnolegis - 2010 - 2024 - Todos os direitos reservados.