A transformação dos Direitos do Homem nos direitos dos sans-culottes foi o ponto de inflexão não só da Revolução Francesa como de todas as revoluções que se seguiram. Isso se deve em
não pequena medida ao fato de que Karl Marx, o maior teórico das revoluções de todos os tempos, estava muito mais interessado na história do que na política e, portanto, deixou praticamente de lado as intenções originais das revoluções, a instauração da liberdade e concentrou a atenção de forma quase exclusiva no curso aparentemente objetivo dos acontecimentos revolucionários. Em outras palavras, levou mais de meio século para que a transformação dos Direitos do Homem nos direitos dos sans-cullotes, a renuncia à liberdade
perante os ditames das necessidades, encontrasse o seu teórico.
(ARENDT, Hannah. Sobre a Revolução. São Paulo: Cia. das Letras, 2011, p.94-95)
Para Hannah Arendt, a concepção de revolução em Karl Marx orientou-lhe a interpretação
a) de que a Revolução Francesa realizou plenamente o seu projeto inicial, ao colocar as liberdades como demanda mais urgente.
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b) a respeito do processo revolucionário na França do século XVIII, em sua fase mais radical, em que as demandas por igualdade social foram substituídas pelo plano jurídico-político.
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c) sobre o equívoco do movimento francês, que privilegiou a superestrutura jurídico-política em detrimento das demandas por igualdade social.
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d) de que a inserção da questão jurídico-política na Revolução Francesa inspirou o teórico a justificar a violência na explicação sobre o curso e os meios empregados nas revoluções.
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e) de que, em sua leitura sobre a Revolução Francesa, mesmo na sua fase mais dura, rejeitou o uso da violência como meio de resolução da questão social.
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