Leia o trecho do conto Uma forma de herança, de Cíntia Moscovich, para responder à questão.
Aos domingos, o último ponto do passeio de carro era ali, na casa da rua Marquês de Abranches, e o pai se referia ao imóvel fazendo um obséquio exagerado: a Casa da Marquês.
O pai costumava repetir que, quando tivesse dinheiro suficiente, iria construir: edifícios, lojas, garagens, armazéns, apartamentos, vagas de estacionamento. Como a demonstrar o valor de ser dono de um pedaço da superfície do globo, e mesmo que a gente já estivesse careca de saber, ele batia repetidas vezes o pé no chão e sentenciava:
– Terra não se vende, terra só se compra.
No solo que era nosso, ele construiria e, no futuro, a gente teria bens para alugar por um bom preço, imóveis que garantissem teto, sustento e tempo – e que a gente nunca dependesse de ninguém para o que fosse ou deixasse de ser.
Embora a Casa da Marquês tivesse um belo telhado de duas águas e janelas com vidros hexagonais, seu valor se devia mesmo ao tamanho do terreno. No meio do terreno, o pai faria erguer um edifício baixo, mas “com bons apartamentos”: quartos amplos e amplas salas, com uma varanda que ele pudesse sentar quando viesse da fábrica e onde, no inverno, batesse o sol da tarde. Haveria várias vagas de garagem, e ele teria um boxe de estacionamento no qual fosse fácil manobrar.
Formaríamos um condomínio em família, cada qual com sua propriedade – e, com isso, o pai queria dizer que morar em imóvel alugado, como ele e a mãe tiveram de fazer por muitos e muitos anos, era uma das piores coisas do universo.
Para ele, não se ocupava tempo, paciência ou imóveis de terceiros.
(Essa coisa brilhante que é a chuva. Editora Record, 2012. Adaptado)
Assinale a alternativa em que o sinal indicativo de crase foi empregado de acordo com a norma-padrão.
a) O pai dedicava parte de seu tempo à planejar o futuro dos filhos.
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b) O edifício, que pertenceria à toda a família, deveria ter ambientes espaçosos.
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c) O pai sonhava em se sentar à uma varanda onde batesse o sol da tarde.
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d) Fiel à suas convicções, o pai insistia na importância de ser dono da própria moradia.
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e) Aos domingos, a família ia de carro à casa da rua Marquês de Abranches.
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