Na Academia Brasileira de Letras, há um salão bonito, mas um pouco sinistro. É o Salão dos Poetas Românticos, com bustos dos nossos principais românticos na poesia: Castro Alves, Gonçalves Dias, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela e Álvares de Azevedo.
Os modernistas de 22, e antes deles os parnasianos, decidiram avacalhar com essa turma de jovens, que trouxe o Brasil para dentro de nossa literatura. Foram os românticos, na prosa e no verso, que colocaram em nossas letras as palmeiras, os índios, as praias selvagens, o sabiá, as borboletas de asas azuis, a juriti − o cheiro e o gosto de nossa gente. Não fosse o romantismo, ficaríamos atrelados ao classicismo das arcádias, à pomposidade do verso burilado. Sem falar nos poemas-piadas, a partir de 1922, todos como vanguarda da vanguarda.
Foram jovens. Casimiro morreu com 21 anos, Álvares de Azevedo com 22, Castro Alves com 24, Fagundes Varela com 34. O mais velho de todos, Gonçalves Dias, mal chegara aos 40 anos. O Salão dos Poetas Românticos é também sinistro pois é de lá que sai o enterro dos imortais, que morrem como todo mundo.
(Adaptado de Carlos Heitor Cony "Salão dos românticos". FSP, 16/12/2010)
... pois é de lá que sai o enterro dos imortais, que morrem como todo mundo. (final do texto)
A frase :
a)
aponta a desvalorização dos escritores que já foram considerados os melhores do país. |
b)
produz efeito humorístico advindo do paradoxo causado por um jogo de palavras com os conceitos de mortalidade e imortalidade. |
c)
conclui que apenas os autores românticos merecem ser chamados de imortais. |
d)
repudia com sarcasmo o privilégio oferecido aos autores da Academia, pois são mortais como os demais escritores. |
e)
estabelece oposição à ideia de que o Salão dos Poetas Românticos teria algo de fúnebre. |
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