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Comentários / Tribunal de Justiça - Rio Grande do Sul - Oficial Escrevente - FAURGS - Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - 2010 - Prova Objetiva


O fim do fim da privacidade


1     Uma em cada 4 pessoas _____ usam a internet no
      mundo tem uma conta no Facebook. Esse meio bilhão
      de pessoas publicam 14 milhões de fotos diariamente.
      Os 100 milhões de usuários do Twitter postam 2
      bilhões de mensagens por mês. Dê um google no
      nome de alguém e os tweets dele vão estar lá.
      Pesquisadores cunham termos bonitos como a "era
      da hipertransparência" para tentar falar que há xeretas
      e exibicionistas demais hoje.
10    E a maior rede social do planeta deu um passo
      grande rumo à tal hipertransparência: em maio, o
      Facebook mudou as regras sobre o quanto que estranhos
      podem saber da sua vida. "Estamos construindo
      uma internet _____ padrão é ser sociável", decretou
      Mark Zuckerberg, criador e presidente do site, ao
      anunciar as mudanças. Utopia sociológica à parte,
      interessa para ele que usuários de seu serviço
      possam ser encontrados com mais facilidade. Se
      você não está no Facebook e encontra aquele amor
20    antigo da escola ali, tende a entrar para a rede social.
      E, quanto mais gente lá, mais Zuckerberg pode faturar
      com publicidade.
      As mudanças, de cara, parecem bem sutis. Antes,
      não dava para ver a foto de perfil ou a idade de uma
      pessoa pesquisada, por exemplo. Agora, a não ser
      que o usuário mude as configurações no braço, um
      resumo de sua ficha ficará exposto na internet. Não é
      pouca coisa. Pense em quem teve um término de
      relacionamento conturbado e quer manter distância
30    de namorados maníacos; ou em um adolescente que
      mudou de escola por causa de bullying e corre o risco
      _____ tudo comece de novo se os novos colegas
      descobrirem isso; em quem sofre de assédio moral
      no trabalho ou foi testemunha de um crime; em quem
      não quer que os pais descubram detalhes de sua vida
      sexual. Para todos eles, qualquer detalhe que o
      Facebook divulgue pode fazer uma grande diferença.
      Não fica nisso. Um dos maiores problemas é que a
      internet não "esquece" nada. E agora que ela faz
40    parte da vida de praticamente todo mundo há uma
      década, qualquer vacilo do passado pode causar um
      problema no presente. Fotos ousadas num fotolog de
      anos atrás vão complicar você na disputa por um
      emprego. Uma troca infeliz de scraps no Orkut, como
      uma discussão com um ex, pode estar ao alcance de
      qualquer um. As redes sociais baseadas em GPS,
      como a Fousquare, colocam mais pimenta nesse
      molho, já que elas mostram num mapa onde os
      usuários estão a cada momento. Em suma, nunca
50    existiram tantas possibilidades de exposição pública.
      E sim: sempre vai ter alguém que você não esperava
      bisbilhotando você.
      É natural. O desejo de cavucar a vida alheia existe
      desde sempre. "Na maior parte da história humana,
      as pessoas viveram em pequenas tribos _____ todas
      as pessoas sabiam tudo o que todo mundo fazia. E de
      alguma forma estamos nos tornando uma vila global.
      Pode ser que descobriremos que a privacidade, no fim
      das contas, sempre foi uma anomalia", afirma o professor
60    Thomas W. Malone, do Centro de Estudos de
      Inteligência Coletiva do MIT.
      Seja como for, trata-se de uma anomalia de que
      todo mundo gosta. E por isso mesmo um movimento
      ganha cada vez mais força: há uma preocupação
      maior com a bisbilhotice. Na prática, está acontecendo
      o contrário do que Zuckerberg imagina. Estamos menos
      "sociais".
      Hoje, a quantidade de dados que as pessoas
      deixam aberta na rede para todo mundo ver é, por
70    cabeça, bem menor do que há 5, 6 anos. É raro
      encontrar quem deixe suas fotos escancaradas numa
      rede social. Scraps públicos no Orkut já são parte de
      um passado remoto... Um estudo da Universidade da
      Califórnia mostra essa mudança: os entrevistados disseram
      tomar mais cuidado com o que postam online
      hoje do que há 5 anos. Na mesma pesquisa, 88% dos
      jovens de 18 a 24 anos manifestaram-se a favor de
      uma lei que forçasse os sites a apagarem informações
      pessoais depois de algum tempo.
80    Enquanto não chegam leis concretas, as pessoas
      reagem por conta própria. Trinta mil usuários cancelaram
      suas contas no Facebook no dia 31 de maio, para
      protestar contra aquela mudança na configuração de
      privacidade. Compare isso com a reação que as
      pessoas tiveram em 2006, quando o Orkut passou a
      identificar quem visitava o seu perfil. Não faltaram
      reações de indignação. "Qual é a graça se não dá
      mais para espionar a vida dos outros escondido?",
      perguntavam os usuários.
90    É difícil imaginar algo assim hoje. Aprendemos a
      nos comportar na rede como nos comportamos em
      público. Porque, cada vez mais, estamos mesmo.

Adaptado de: BURGOS, Pedro. O fim do fim da privacidade. Revista Super Interessante - Edição 280, junho de 2010.
Disponível em http://super.abril.com.br/tecnologia/fimfim-privacidade-580993.shtm.

Questão:

Se substituirmos o vocábulo vacilo (L. 41) pela forma pluralizada vacilos, quantos outros vocábulos do período terão de ser, obrigatoriamente, pluralizados?

Resposta errada
a)

Um.

Resposta correta
b)

Dois.

Resposta errada
c)

Três.

Resposta errada
d)

Quatro.

Resposta errada
e)

Cinco.

Comentários

- 05/10/2013 / 10:33

Por que dois?

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