Texto III
A cidade moderna são os ecos [de um] labirinto –
presídio complexo de ruas cruzadas e rios aparentemente sem embocadura
– onde a iniciação itinerante
e o fio de Ariadne se mostram tênues ou nulos.
5 Invertendo-se uma das
interpretações do mito, o labirinto
aqui não é a trilha para chegar-se ao centro; é, antes,
marca da dispersão. Indica a vitória do material sobre
o espiritual, do perecível sobre o eterno. Ou mais, o
lugar do descartável e do novo e sempre-igual.
10 O homem citadino é presa dessa cidade, está enredado em suas malhas.
Não consegue sair desse
espaço denso, uma vez que a civilização urbana espraiou-se para
além dos centros metropolitanos e continua a preencher grandes
áreas que gravitam em
15 torno desses centros. A partir da Revolução Industrial, o
fenômeno urbano parece ter ultrapassado as fronteiras das “cidades”
e ter-se difundido pelo espaço físico. O signo do progresso transforma a urbanização
em movimento centrífugo, gerando a metrópole que
20 se dispersa. Assim, o citadino – homem à deriva – está
na cidade como em labirinto, não pode sair dela sem
cair em outra, idêntica ainda que seja distinta.
GOMES, Renato Cordeiro. Todas as cidades, a cidade. Rio de
Janeiro: Rocco, 1994.
Na visão do autor, a cidade é um espaço caracterizado por antíteses, por opostos que se somam num todo quase sempre contraditório. Esse ponto de vista se faz presente de forma particularmente significativa em:
a)
"A cidade moderna são os ecos [de um] labirinto -" . (L. 1) |
b)
"Ou mais, o lugar do descartável e do novo e sempreigual." (L. 8-9) |
c)
"O homem citadino é presa dessa cidade," (L. 10) |
d)
"Não consegue sair desse espaço denso," (L. 11-12) |
e)
"O signo do progresso transforma a urbanização em movimento centrífugo," (L. 18-19) |
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