1 Os compositores Tom Jobim e Vinicius de Moraes,
em uma de suas músicas - "Se todos fossem iguais a você"
-, afirmam que "a canção só tem razão se se cantar". Assim
4 é a palavra. Ela é uma canção que só tem razão quando
"cantada" na materialidade do intercâmbio da vida social:
dando-nos a dimensão do que foi, tirando-nos o véu do
7 futuro, permitindo, nesse percurso, que cada um e todos
permaneçamos nela. E assim fazemos história.
As palavras têm vida. Vestem-se de significados.
10 Mascaram-se. Contagiam-se com as outras palavras
próximas. "Dançam conforme a música" tocada no salão de
baile onde estão. O salão é o discurso e é aí que elas
13 cristalizam momentaneamente uma de suas máscaras. Como
enfrentar os discursos entre os quais circulam todas as
pessoas e levá-las a ser donas de sua voz, apropriando-se
16 deles criticamente; como reconhecer as características de
algumas vozes que falam como sujeitos para que formem,
com cada um de nós, a ciranda dos indivíduos/sujeitos que,
19 com emoção, se apropriam da história, conduzindo-a.
Sobretudo, como deixar ver os vários discursos do cotidiano,
os quais, feitos aparentemente para ir-se embora, na verdade
22 permanecem.
Maria Aparecida Baccega. Palavra e discurso -
história e literatura. Ática, p. 6-7 (com adaptações).
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