1 Grupo Móvel - O Sr. se lembra quando o Grupo esteve aqui
antes?
Jacaré - Hum! Olha, acho que faz uns oito anos...
4 Grupo Móvel - Saiu um monte de gente, por que o Sr. não
saiu?
Jacaré - É, saiu um monte de gente, mas o patrão pediu para
7 ficar e eu fiquei.
Grupo Móvel - O que o Sr. fez com o dinheiro da
indenização que recebeu na época?
10 Jacaré - Construí um barraquinho... Comprei umas
vaquinhas...
Grupo Móvel - Depois disso, o Sr. recebeu mais alguma
13 coisa?
Jacaré - Não, não recebi mais nada, além de comida. Ele
disse que eu teria de pagar pelo dinheiro que recebi.
16 Grupo Móvel - Mais nada?
Companheira de Jacaré - Ele diz que a gente ainda está
devendo e não deixa tirar nossas vacas, diz que são dele. Até as
19 leitoas que pegamos no mato ele diz que são dele.
Grupo Móvel - Por que o Sr. continua trabalhando?
Companheira de Jacaré - Porque ele não quer ir embora sem
22 receber nada. Nem as vacas ele deixa a gente levar.
Grupo Móvel - Quantos anos o Sr. tem?
Jacaré - Tenho 64 anos.
25 Grupo Móvel - E trabalha para ele há quantos anos?
Jacaré - Faz uns 30 anos.
Grupo Móvel - O Sr. pede dinheiro para ele?
28 Jacaré - Não, não peço. Precisa pedir? Se a gente trabalha,
não precisa pedir.
O dilema de Eduardo Silva, conhecido como Jacaré, 31 enfim, foi resolvido. Ele foi retirado da fazenda em Xinguara, no Pará. O Grupo Especial Móvel de Combate ao Trabalho Escravo do MTE abriu para ele uma caderneta de poupança, 34 onde foi depositado o valor das verbas indenizatórias devidas, cerca de R$ 100 mil.
Revista Trabalho. Brasília: MTE, ago./set./out./2008, p. 43 (com adaptações).
Estou aprendendo muito rsrs
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