1 Pacifistas que se sentam na frente de bases militares,
a fim de impedir que armamentos sejam deslocados,
ecologistas que seguem navios cheios de lixo radioativo, a
4 fim de impedir que ele seja despejado no mar, Antígona que
enterra seu irmão: em todos esses casos, o Estado de direito
é quebrado em nome de um embate em torno da justiça.
7 No entanto, é graças a ações como essas que direitos
são ampliados, que a noção de liberdade ganha novos
matizes. Sem elas, certamente nossa situação de exclusão
10 social seria significativamente pior. Nesses momentos,
encontramos o ponto de excesso da democracia em relação
ao direito. Uma sociedade que tem medo desses momentos,
13 que não é mais capaz de compreendê-los, é uma sociedade
que procura reduzir a política a um mero acordo referente
às leis que atualmente temos e aos modos que atualmente
16 temos para mudá-las.
No fundo, esta é uma sociedade que tem medo da
política e que gostaria de substituí-la pela polícia. Pois a
19 violação política nada tem a ver com a tentativa de destruição
física ou simbólica do outro, do opositor, como vemos na
violência estatal contra setores descontentes da população ou
22 em golpes de Estado. Antes, ela é a força da urgência de
exigências de justiça.
Vladimir Safatle. A democracia para além do Estado de direito? In: Revista Cult, n.º 137, jul./2009, ano 12 (com adaptações).
No que se refere à organização das ideias e às estruturas linguísticas do texto, julgue o(s) item(ns) subsequente(s):
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