Atualmente, tenho ido pescar na região de Ubatuba, em São Paulo. Tenho especial carinho e adoração por esse litoral, que frequento desde a infância, e que sempre me proporcionou pescarias inesquecíveis nas duas modalidades que mais gosto de praticar no mar, o arremesso e o vertical jigging. Pois bem. Numa dessas pescarias recentes, em companhia do amigo Marcio Dottori, outro grande apaixonado pelo mar e seus peixes, pescávamos enchovas na bela Ilha da Vitória, a cerca de 15 milhas (ou 28 quilômetros) da costa. Em meio a um mar “brabo”, açoitado por um vento que mal nos permitia ficarmos em pé para os arremessos, tivemos a felicidade de cruzar comumcardume de enchovas ainda mais brabas.
Divertimo-nos à beça naquele fim de tarde, reservando alguns exemplares para nosso consumo e devolvendo a grande maioria à água. Ao nosso lado, outra embarcação com “pinchadores” também fazia a festa, com a diferença de que não vimos nenhuma enchova ser liberada por eles depois da briga. Seguramente, tiveram tempo para embarcar ao menos duas ou três dezenas de peixes. Algum problema nisso? Não e sim. Felizmente, sabemos que a enchova é uma espécie que não corre risco de extinção. O que são trinta exemplares em meio às centenas que talvez passassem pelo local? Aparentemente, só trinta exemplares. Acontece que, nos dias que se passaram à nossa pescaria, soubemos que aquela costeira foi varrida por dezenas de outras embarcações, tanto de pescadores profissionais como de “esportivos”, que, com suas lambretas, plugs e jigs, e , dizimaram os cardumes do local. Tivemos a informação de lanchas que mataram, em uma tarde, mais de oitenta quilos de peixe. Resultado: no fim de semana seguinte, nem uma única fisgada naquele ponto.
Apesar de ser uma tecla já muito batida, não há como não se revoltar e querer desabafar esse tipo de abuso, injustiça, crime ou sabe-se lá como atitudes assim podem ser classificadas. Chama a atenção que, ao invés de redes ou espinhéis, as iscas artificiais foram as mais usadas para protagonizar a matança. Também pudera; sua eficiência, como mostramos todos os meses em nossa revista, só aumenta a cada geração de modelos lançados no mercado. São ou não armas quando nas mãos erradas? O extermínio de garoupas em certas regiões do litoral paulista e paranaense com os afamados shadões foi outro exemplo de que a pesca com iscas artificiais, ou melhor, o pescador que as usa, está sempre caminhando sobre uma tênue linha que separa o esportista do “matador”. Como sempre digo, não há peixe melhor para ser consumido do que aquele pescado por você mesmo. Principalmente quando se sabe que, no que depender da “colheita” feita por você nesse dia, ainda haverá bastante peixe para a próxima pescaria. Às vezes, em meio a uma “pegadeira”, nos esquecemos que, a cada dia, nós, pescadores, crescemos em número, mas o mesmo dificilmente acontece com os peixes. [...]
TABATA, Jum. Rev. Pesca Esportiva: n.º 151, abril de 2010, p. 6.
O advérbio em -mente que traduz uma atitude ou estado psicológico do autor diante do fato por ele enunciado encontra-se na alternativa:
a)
Atualmente, tenho ido pescar na região de Ubatuba, em São Paulo. (linhas 1-2) |
b)
Seguramente, tiveram tempo para embarcar ao menos duas ou três dezenas de peixes. (linhas 19-20) |
c)
Felizmente, sabemos que a enchova é uma espécie que não corre risco de extinção. (linhas 21-22) |
d)
Aparentemente, só trinta exemplares. (linha 24) |
e)
Principalmente quando se sabe que, no que depender da "colheita" feita por você nesse dia, ainda haverá bastante peixe para a próxima pescaria. (linhas 48-50) |
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