1 Aos sete anos, projetava que minha vida estaria
2 resolvida aos 37. Administraria somente a felicidade.
3 Dei
4 o prazo de três décadas para não me preocupar. Talvez o
5 paraíso naquela época fosse cabular temas, não ir à
6 escola,
7 muito menos submeter-se às provas. Não mirabolava
8 encargos, superações e dificuldades. Até porque a vida
9 adulta é distante, uma velhice para criança.
10 Recordo a atmosfera do que imaginava. A sensação
11 de alívio do futuro. A felicidade seria estável e
12 permanente.
13 Era uma fórmula que deveria encontrar e adotar no
14 restante
15 dos dias. Algo como a receita de galinha recheada da
16 avó.
17 Uma vez feito o prato, ele se repetiria eternamente.
18 Não enxergava o estado provisório e fugaz do
19 sentimento, um clarão que nos ajuda a suportar depois o
20 escuro. Hoje entendo que a felicidade é rara,
21 relampeia,
22 olhamos onde estão nossas coisas e seguimos tateando
23 com mais facilidade.
Fabrício Carpinejar. O que sonhei ser e não fui.
Internet: http://carpinejar.blogspot.com/.
Acesso em 31/1/2010 (com adaptações)
Acerca dos aspectos linguísticos do texto, assinale a opção INCORRETA:
a)
As palavras "três" e "avó" são acentuadas pelo mesmo motivo. |
b)
As palavras "décadas", "época" e "fórmula" seguem a mesma regra de acentuação. |
c)
Caso fosse retirado o sinal indicativo de crase em "não ir à escola" (linha 4), acarretaria erro gramatical. |
d)
A palavra "mirabolava" (linha 5), derivada do adjetivo mirabolante, está empregada com o sentido de pensar. |
e)
Os termos "paraíso", "alívio" e "provisório" são acentuados de acordo com a mesma regra. |
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