“Um homem não é grande pelo que faz, mas pelo que renuncia.”
(Albert Schweitzer )
1 Muitos amigos leitores têm solicitado minha
2 opinião acerca de qual rumo dar às suas carreiras.
3 Alguns apreciam seu trabalho, mas não a empresa onde
4 estão. Outros admiram a estabilidade conquistada, mas
5 não têm qualquer prazer no exercício de suas funções.
6 Uns recebem propostas para mudar de emprego,
7 financeiramente desfavoráveis, porém, desafiadoras.
8 Outros têm diante de si um vasto leque de opções, muitas
9 coisas para fazer, mas não conseguem abraçar tudo.
10 Todas estas pessoas têm algo em comum: a
11 necessidade premente de fazer escolhas. Lembro-me de
12 Clarice Lispector: "Entre o ‘sim' e o ‘não', só existe um
13 caminho: escolher."
14 Acredito que quase todas as pessoas passam ao
15 longo de sua trajetória pelo "dilema da virada". Um
16 momento especial em que uma decisão clara, específica
17 e irrevogável tem que ser tomada simplesmente porque a
18 vida não pode continuar como está. Algumas pessoas
19 passam por isso aos 15 anos, outras, aos 50. Algumas
20 talvez nunca tomem esta decisão, e outras o façam
21 várias vezes no decorrer de sua existência.
22 Fazer escolhas implica renunciar a alguns
23 desejos para viabilizar outros. Você troca segurança por
24 desafio, dinheiro por satisfação, o pouco certo pelo muito
25 duvidoso. Assim, uma companhia que oferece estabilidade
26 com apatia pode dar lugar a outra dotada de instabilidade
27 com ousadia. Analogamente, a aventura de uma
28 vida de solteiro pode ceder espaço ao conforto de um
29 casamento.
30 PRAZER E VOCAÇÃO
31 Os anos ensinaram-me algumas lições. A primeira
32 delas vem de Leonardo da Vinci, que dizia que "A sabedoria
33 da vida não está em fazer aquilo que se gosta, mas
34 em gostar daquilo que se faz". Sempre imaginei que fosse
35 o contrário, porém, refletindo, passei a compreender que
36 quando estimamos aquilo que fazemos, podemos nos
37 sentir completos, satisfeitos e plenos, ao passo que se
38 apenas procurarmos fazer o que gostamos, estaremos
39 sempre numa busca insaciável, porque o que gostamos
40 hoje não será o mesmo que prezaremos amanhã.
41 Todavia, é indiscutivelmente importante aliar
42 prazer às nossas aptidões; encontrar o talento que
43 reside dentro de cada um de nós, ao que chamamos de
44 vocação. Oriunda do latim vocatione e traduzida
45 literalmente por "chamado", simboliza uma espécie de
46 predestinação imanente a cada pessoa, algo revestido
47 de certa magia e divindade.(...)
48 Escolhas são feitas com base em nossas preferências.
49 E aí recorro novamente à etimologia das palavras
50 para descobrir que o verbo preferir vem do latim
51 praeferere e significa "levar à frente". Parece-me uma
52 indicação clara de que nossas escolhas devem ser
53 feitas com os olhos no futuro, no uso de nosso livre arbítrio.
54 O mundo corporativo nos guarda muitas armadilhas.
55 Trocar de empresa ou de atribuição, por exemplo,
56 são convites permanentes. O problema de recusá-los é
57 passar o resto da vida se perguntando "O que teria
58 acontecido se eu tivesse aceitado?". Prefiro não carregar
59 comigo o benefício desta dúvida, por isso opto por assumir
60 riscos evidentemente calculados e seguir adiante. Dizem
61 que somos livres para escolher, porém, prisioneiros das
62 conseqüências...
63 Para aqueles insatisfeitos com seu ambiente
64 de trabalho, uma alternativa à mudança de empresa é
65 postular a melhoria do ambiente interno atual. Dialogar e
66 apresentar propostas são um bom caminho. De nada
67 adianta assumir uma postura meramente defensiva e
68 crítica. Lembre-se de que as pessoas não estão contra
69 você, mas a favor delas.
70 Por fim, combata a mediocridade em todas as suas
71 vertentes. A mediocridade de trabalhos desconectados
72 com sua vocação, de empresas que não valorizam funcionários,
73 de relacionamentos falidos. Sob este aspecto,
74 como diria Tolstoi, "Não se pode ser bom pela metade".
75 Meias-palavras, meias-verdades, meias-mentiras, meio
76 caminho para o fim.
77 Os gregos não escreviam obituários. Quando um
78 homem morria, faziam uma pergunta: "Ele viveu com
79 paixão?".
80 QUAL SERIA A RESPOSTA PARA VOCÊ?
COELHO, Tom. Disponível em: <http://www.catho.com.br/jcs/
inputer_view.phtml?id=6415>. Acesso em: 07 mai. 2008.(adaptado)
As palavras destacadas em "mas não têm qualquer prazer no exercício de suas funções." (L. 4-5) e "Quando um homem morria," (L. 77-78) podem ser substituídas, respectivamente, sem alteração de sentido, por:
a)
visto que e Antes que. |
b)
porquanto e Posto que. |
c)
entretanto e Depois que. |
d)
portanto e de À medida que. |
e)
de sorte que e Visto que. |
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