1 Costuma-se definir nossa era como a era do conhecimento. Se for pela importância dada hoje
2 ao conhecimento, em todos os setores, pode-se dizer que se vive
3 mesmo na era do conhecimento, na sociedade do
4 conhecimento,sobretudo em consequência da
5 informatização e do processo de globalização das
6 telecomunicações a ela associado. Pode ser que, de fato,
7 já se tenha ingressado na era do conhecimento, mesmo
8 admitindo que grandes massas da população estejam
9 excluídas dele. Todavia, o que se constata é a predominância da difusão de dados e
10 informações e não de
11 conhecimentos. Isso está sendo possível graças às
12 novas tecnologias que estocam o conhecimento, de
13 forma prática e acessível, em gigantescos volumes de
14 informações, que são armazenadas inteligentemente,
15 permitindo a pesquisa e o acesso de maneira muito
16 simples, amigável e flexível. É o que já acontece com a
17 Internet: para ser “usuário”, basta dispor de uma linha
18 telefônica e um computador. “Usuário” não significa aqui
19 apenas receptor de informações, mas também emissor
20 de informações. Pela Internet, a partir de qualquer sala
21 de aula do planeta, podem-se acessar inúmeras bibliotecas em muitas partes do mundo. As
22 novas tecnologias
23 permitem acessar conhecimentos transmitidos não apenas por palavras, mas também por
24 imagens, sons, fotos,
25 vídeos (hipermídia), etc. Nos últimos anos, a informação
26 deixou de ser uma área ou especialidade para se tornar
27 uma dimensão de tudo, transformando profundamente a
28 forma como a sociedade se organiza. Pode-se dizer que
29 está em andamento uma Revolução da Informação, como
30 ocorreram no passado a Revolução Agrícola e a Revolução
31 Industrial. (...)
32 As novas tecnologias criaram novos espaços do
33 conhecimento. Agora, além da escola, também a
34 empresa, o espaço domiciliar e o espaço social tornaram-se
35 educativos. (...) Esses espaços de formação têm tudo
36 para permitir maior democratização da informação e do
37 conhecimento, portanto, menos distorção e menos
38 manipulação, menos controle e mais liberdade.(...)
39 O conhecimento é o grande capital da humanidade.
40 Não é apenas o capital da transnacional que precisa dele
41 para a inovação tecnológica. Ele é básico para a sobrevivência de todos e, por isso, não deve
42 ser vendido ou comprado, mas sim disponibilizado a todos. Esta é a função
43 de instituições que se dedicam ao conhecimento
44 apoiado nos avanços tecnológicos. Espera-se que a educação do futuro seja mais
45 democrática, menos excludente.
46 Essa é ao mesmo tempo nossa causa e nosso desafio.
47 Infelizmente, diante da falta de políticas públicas no
48 setor, acabaram surgindo “indústrias do conhecimento”,
49 prejudicando uma possível visão humanista, tornando-o
50 instrumento de lucro e de poder econômico.(...)
51 Neste contexto de impregnação do conhecimento,
52 cabe à escola: amar o conhecimento como espaço
53 de realização humana, de alegria e de contentamento
54 cultural; selecionar e rever criticamente a informação;
55 formular hipóteses; ser criativa e inventiva (inovar); ser
56 provocadora de mensagens e não pura receptora; produzir, construir e reconstruir57 conhecimento elaborado.
58 E mais: numa perspectiva emancipadora da educação, a
59 escola tem que fazer tudo isso em favor dos excluídos,
60 não discriminando o pobre. Ela não pode distribuir poder,
61 mas pode construir e reconstruir conhecimentos, saber,
62 que é poder. Numa perspectiva emancipadora da educação,
63 a tecnologia contribui muito pouco para a emancipação
64 dos excluídos se não for associada ao exercício da
65 cidadania.(...)
66 Em geral, temos a tendência de desvalorizar o que
67 fazemos na escola e de buscar receitas fora dela quando
68 é ela mesma que deveria governar-se. É dever dela ser
69 cidadã e desenvolver na sociedade a capacidade de
70 governar e controlar o desenvolvimento econômico e o
71 mercado. A cidadania precisa controlar o Estado e o
72 mercado, verdadeira alternativa ao capitalismo neoliberal
73 e ao socialismo burocrático e autoritário. A escola precisa dar o exemplo, ousar construir o
74 futuro. Inovar é mais
75 importante do que reproduzir com qualidade o que existe. A matéria-prima da escola é sua
76 visão do futuro.(...)
GADOTTI, Moacir. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php? Acesso em abr 2008
O alargamento dos espaços do conhecimento, referido no segundo parágrafo, traz, como consequência:
a)
informações desvinculadas do contexto do usuário. |
b)
participação direta e livre do usuário na aquisição das informações. |
c)
oportunidades de manipulação e controle das informações. |
d)
predominância do espaço domiciliar sobre a escola. |
e)
limitação das escolhas devido a inúmeras manipulações. |
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