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Comentários / SEFAZ - Secretaria de Estado de Fazenda - Rio de Janeiro - Fiscal de Rendas - FGV - Fundação Getúlio Vargas - 2009 - Prova Objetiva 1


Rumo à Civilização da Re-ligação

Texto I

		Analistas, especialmente vindos da biologia, das
	ciências da Terra e da cosmologia, nos advertem que
	o tempo atual se assemelha muito às épocas de grande
	ruptura no processo da evolução, épocas caracterizadas
05 	por extinções em massa. Efetivamente, a humanidade se
	encontra diante de uma situação inaudita. Deve decidir se
	quer continuar a viver ou se escolhe sua autodestruição.
		O risco não vem de alguma ameaça cósmica – o
	choque de algum meteoro ou asteróide rasante – nem
10 	de algum cataclismo natural produzido pela própria Terra
	– um terremoto sem proporções ou algum deslocamento
	fenomenal de placas tectônicas. Vem da própria atividade
	humana. O asteróide ameaçador se chama homo sapiens
	demens, surgido na África há poucos milhões de anos.
15 		Pela primeira vez no processo conhecido de
	hominização, o ser humano se deu os instrumentos de sua
	autodestruição. Criou-se verdadeiramente um princípio, o
	de autodestruição, que tem sua contrapartida, o princípio
	de responsabilidade. De agora em diante, a existência da
20	biosfera estará à mercê da decisão humana. Para continuar
	a viver, o ser humano deverá querê-lo. Terá que garantir as
	condições de sua sobrevida. Tudo depende de sua própria
	responsabilidade. O risco pode ser fatal e terminal.
		Resumidamente, três são os nós problemáticos que,
25 	urgentemente, devem ser desatados: o nó da exaustão dos
	recursos naturais não renováveis, o nó da suportabilidade
	da Terra (quanto de agressão ela pode suportar?) e o nó da
	injustiça social mundial.
		Não pretendemos detalhar tais problemas amplamente
30 	conhecidos. Apenas queremos compartilhar e reforçar
	a convicção de muitos, segundo a qual a solução para
	os referidos problemas não se encontra nos recursos da
	civilização vigente. Pois o eixo estruturador desta civilização
	reside na vontade de poder e de dominação. Assujeitar a
35 	Terra, espoliar ao máximo seus recursos, conquistar os povos
	e apropriar-se de suas riquezas, buscar a prosperidade
	mesmo à custa da exploração da força do trabalho e da
	dilapidação da natureza: eis o sonho maior que mobilizou e
	continua mobilizando o mundo moderno. Ora, esta vontade
40 	de poder e de dominação está levando a humanidade e a
	Terra a um impasse fatal. Ou mudamos ou perecemos.
		Temos que mudar nossa forma de pensar, de sentir,
	de avaliar e de agir. Somos urgidos a fazer uma revolução
	civilizacional. Sob outra inspiração e a partir de outros
45 	princípios mais benevolentes para com a Terra e seus filhos
	e filhas. Por ela os seres humanos poderão salvar-se e
	salvar também o seu belo e radiante planeta Terra.
		Mais ainda. Esposamos a idéia de que os sofrimentos
	atuais possuem uma significação que transcende a crise
50 	civilizacional. Eles se ordenam a algo maior. Revelam o
	trabalho de parto em que estamos, sinalizando o nascimento
	de um novo patamar de hominização. Estão surgindo os
	primeiros rebentos de um novo pacto social entre os povos
	e de uma nova aliança de paz e de cooperação com a Terra,
55 	nossa casa comum.
		Recusamo-nos à idéia de que os 4,5 bilhões de anos
	de formação da Terra tenham servido à sua destruição. As
	crises e os sofrimentos se ordenam a uma grande aurora.
	Ninguém poderá detê-la. De uma época de mudança
60 	passamos à mudança de época. Estamos deixando para
	trás um paradigma que plasmou a história nos últimos
	quinze mil anos.

(Adaptação de BOFF, Leonardo. O despertar da águia: O dia-bólico e o sim-bólico na construção da realidade. Petrópolis/RJ: Vozes, 1998.

 

Questão:

Criou-se verdadeiramente um princípio, o de autodestruição, que tem sua contrapartida, o princípio de responsabilidade. (L. 17-19)

Das alterações processadas na frase, assinale aquela cuja forma de estruturação é a única sintaticamente correta e semanticamente compatível com as ideias defendidas no texto:

Resposta errada
a)

Criou-se verdadeiramente um princípio, o de autodestruição, com cujo princípio de responsabilidade antecipou-se à contrapartida.

Resposta errada
b)

Criou-se verdadeiramente um princípio, o de autodestruição, sem cuja contrapartida o princípio de responsabilidade logrou existir.

Resposta errada
c)

Criou-se verdadeiramente um princípio, o de autodestruição, e sua contrapartida estrutura ao princípio de responsabilidade.

Resposta errada
d)

Criou-se verdadeiramente um princípio, o de autodestruição, onde a contrapartida é ao princípio de responsabilidade.

Resposta correta
e)

Criou-se verdadeiramente um princípio, o de autodestruição, em cuja contrapartida está o princípio de responsabilidade.

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