Para a filosofia, o conceito de belo liga-se, de maneira indissociável, ao de verdadeiro - e, por extensão, ao de bom e justo. Isso ecoa no cotidiano quando classificamos um bom gesto de "belo" ou recriminamos uma criança que cometeu peraltice, dizendo que ela fez uma "coisa feia". Estamos, aí, ainda que nos aspectos mais comezinhos da vida, no terreno da metafísica, a subdivisão do conhecimento filosófico que se debruça sobre tudo aquilo que ultrapassa a experiência sensível. Há, de fato, na beleza - de uma flor, de uma pessoa, de uma obra de arte - algo que parece transcender o aspecto físico e que se conecta ao que há de idealmente mais perfeito e, até mesmo, ao que é considerado divino.
Mas, independentemente de estar associada a outros conceitos sublimes, a beleza requer definição concreta - o que nos ajuda, inclusive, se nem sempre a nos tornarmos mais verdadeiros, bons ou justos, pelo menos mais agradáveis ao espelho. Não basta, portanto, intuir que algo é belo. É preciso entender por que desperta em nós essa percepção deleitosa.
De acordo com o estudo das proporções e da biologia evolutiva, a beleza não é apenas questão de gosto: é a reunião feliz, e não muito comum, de simetria, harmonia e unidade. Uma forma de inteligência biológica com evidentes vantagens adaptativas. Em outras palavras, a beleza paira acima das apreciações meramente pessoais.
A progressiva compreensão das formas de beleza e as tecnologias dela surgidas produziram uma grande conquista: hoje, talvez não sejamos intrinsecamente mais belos do que outras gerações - mas podemos ficar mais bonitos do que nunca. Tudo que nos permite explorar nossos pontos fortes e driblar nossas fraquezas genéticas é resultante da combinação entre os avanços nos cuidados com a aparência física e o estilo, a possibilidade de envelhecer com saúde e, não menos essencial, a valorização de atributos sociais como autoestima, simpatia, cultura e expressividade. "É o equilíbrio dessas qualidades que torna um indivíduo mais ou menos atraente", diz o cirurgião plástico Noel Lima, do Rio de Janeiro.
(Adaptado de Anna Paula Buchalla. Veja, 12 de janeiro de 2011, p. 79)
Considerando-se o texto, está INCORRETA a afirmativa:
a)
O sentido da expressão essa percepção deleitosa remete à subjetividade implícita na frase anterior: intuir que algo é belo. (2.º parágrafo) |
b)
Transpondo para a voz passiva a frase ou recriminamos uma criança o resultado será: ou uma criança é recriminada por nós. (1.º parágrafo) |
c)
A expressão grifada em é resultante da combinação configura um exemplo de regência nominal. (último parágrafo) |
d)
A expressão por que pode ser substituída por as razões pelas quais, sem qualquer alteração na estrutura e no sentido do restante da frase em que se encontra. (2.º parágrafo) |
e)
É o equilíbrio dessas qualidades que torna um indivíduo ... (final do texto) Substituindo-se a expressão grifada por essas qualidades, a frase deverá ser alterada para: São essas qualidades que tornam um indivíduo ... |
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