Caetano Veloso vem se tornando, cada vez mais, uma espécie de guru da nova geração da música brasileira. Mas ele não é um guru tradicional, daqueles que inspiram e pontificam. Ao contrário: sua relação com os jovens é de diálogo. Mais que ensinar e aprender, ele troca influências. Fecunda a nova geração e, ao mesmo tempo, se alimenta. Não é de hoje que Caetano é um artista antenado.
De tempos em tempos, Caetano lança um álbum revolucionário, em que incorpora o que há de mais moderno na música de sua época. Foi assim com Tropicália, de 1969, Transa, de 1972, e Estrangeiro, de 1989. Depois, o artista lançou vários álbuns em que atuava apenas como intérprete ou compunha de acordo com o estilo que o consagrou. O retorno triunfal ao mundo das reviravoltas musicais foi justamente com o álbum Cê, de 2006, sua mais recente revolução, e que é justamente o marco inicial da fase que Caetano vive hoje.
Entrevistador: Você transmite a sensação de ter um espírito jovem. Renova-se a todo instante, é curioso. Você sente uma necessidade visceral de mudanças?
Caetano: Não sinto isso como uma necessidade programática. Eu faço por costume. Tem uma frase do intelectual Rogério Duarte que me resume bem: "Gosto do que acontece." Os valores críticos que você desenvolve são muito provisórios e estão desarmados diante do frescor da realidade. Desse sentimento, nasceu o tropicalismo. Para todo mundo da minha geração, gostar do Roberto Carlos e do Erasmo Carlos era um anátema. Você não podia nem remotamente aprovar o que se passava na Jovem Guarda. De repente, ao abrir mão do preconceito, nos permitimos ver o que havia naquele cenário e aquilo nos interessou. Gostávamos do que acontecia − e ainda gosto.
(Adaptado de Bárbara Heckler, Bravo!, fevereiro de 2011, p.26 e p.33)
Em resposta à questão colocada pelo entrevistador, Caetano:
a)
aponta as razões por que ele, de tempos em tempos, [...] lança um álbum revolucionário, ou seja, para atender a um ritmo constante de produção artística. |
b)
se coloca enfaticamente como o guru da nova geração da música brasileira, tomando por referência sua própria história de vida e de compositor. |
c)
defende o fato de que não podia nem remotamente aprovar o que se passava nos outros grupos, mesmo sabendo tratar-se de preconceito. |
d)
se apoia na percepção de que valores críticos [...] são muito provisórios, para concluir que as constatações de gosto individual ou de grupos são de fundamental importância. |
e)
reitera sua posição de artista antenado com sua época e com a realidade, interessando-se, até hoje, por tudo o que ocorre à sua volta. |
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