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Comentários / Banco do Brasil - Escriturário - Administrativa - FCC - Fundação Carlos Chagas - 2011 - Prova Objetiva - Concurso 2011/02


Almanaque de cultura popular

Descendo o rio Negro, no Amazonas, o contraste da frondosa copa de uma árvore, muito acima das outras, atiça a ir ao seu encontro. Deve ser uma sumaumeira, que um livro de viagem apresenta como tendo no máximo 40 metros de altura. Para o piloto da embarcação, descendente dos índios baniwa, ia pra lá dos 50, e seu tronco não podia ser abraçado ao mesmo tempo pelos guerreiros de uma tribo. Era necessário conferir.

A visão era inverossímil. A sumaúma, com seu tronco desmedido, escorado por raízes enormes, verdadeiros contrafortes, é uma verdadeira obra-prima. Da família Bombacaceae (Ceiba pentandra), é também conhecida como árvore-da-seda, árvore-da-lã, ceiba, paina-lisa. Espécie tropical, é um dos gigantes da floresta amazônica. Encontrada nas matas de várzea e em áreas periodicamente alagadas, apresenta raízes tabulares, as sapopemas, que podem atingir, dependendo da idade, comprimentos superiores a 7 metros. As flores têm pétalas brancas; o fruto, uma cápsula fusiforme com 10 centímetros, provido de pequenas sementes envoltas por pelos, ou painas. Na iminência de um temporal, o enorme tronco, que armazena grande quantidade de líquido, dá uma descarga de água para as raízes – resultado da variação atmosférica. Ouve-se à distância o ruído do movimento da água.

O barulhão da sumaumeira rendeu uma das mais difundidas histórias da Amazônia. Segundo a crença, o Curupira é o responsável pelo estrondo na mata. Armado com um casco de jabuti, ele bate com força nas sapopemas, a fim de verificar se elas estão fortes para resistir às tempestades. Para os índios ticuna, a sumaúma nos remete à formação da Amazônia: "No princípio estava tudo escuro, sempre frio e sempre noite. Uma enorme sumaumeira fechava o mundo, e por isso não entrava claridade na terra. Quando a árvore caiu, a luz apareceu. Do tronco formou-se o rio Amazonas. De seus galhos surgiram outros rios e igarapés."

Da imaginação para a realidade, o que é certo é que ao seu redor se realizam rituais de fertilidade, fartura, prosperidade e assembleias gerais, em que se discutem os interesses da tribo. É a árvore da troca, das crenças, da vida. Um monumento da natureza.

(Heitor e Silvia Reali. Brasil - Almanaque de cultura popular. São Paulo: Andreato Comunicação e Cultura, Dezembro 2006, Ano 8, n. 92, p. 23, com adaptações)

A(s) questão(ões) a seguir baseia(m)-se no texto abaixo.

Questão:

É correto concluir do texto que a sumaumeira:

Resposta errada
a)

é um tipo de árvore raro na floresta amazônica, porque ocupa espaço em demasia, nem sempre possível no meio das outras árvores.

Resposta correta
b)

faz parte dos mitos dos índios ticuna, que lhe atribuem caráter sagrado, tomando decisões e realizando rituais à volta dela.

Resposta errada
c)

parece ser bastante frágil, apesar do tamanho, pois precisa de cuidados especiais das tribos indígenas da região para resistir à força dos temporais.

Resposta errada
d)

provoca afastamento daqueles que a avistam na floresta, pelos inexplicáveis ruídos que ocorrem ao seu redor.

Resposta errada
e)

deve ser vista mais como lenda ou imaginação, do que como um exemplar de uma espécie da floresta amazônica.

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