Comentários / CEF - Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário - Carreira Administrativa 1 - CESPE - UnB - 2010 - Prova Objetiva

O óleo da massa

1 Ao lado do vinho, a região do Mediterrâneo tem uma
2 cesta de produtos nobres cujo consumo nos países em
3 desenvolvimento, até recentemente, era restrito às classes
4 altas. Nos últimos cinco anos, porém, artigos como frutas
5 secas, vinagre balsâmico, nozes e castanhas começaram a
6 ganhar mercado nos emergentes. Nos quatro maiores, os
7 BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China), nenhum avançou mais
8 rápido que o azeite. Desde 2005, as vendas do produto nesses
9 países tiveram, em média, crescimento de 235%. Nos Estados
10 Unidos da América (EUA), o segundo maior mercado mundial
11 de azeite, atrás apenas da União Europeia, o número ficou na
12 casa dos 20%. Dois fatores ajudam a entender a difusão do
13 óleo de oliva nos BRICs. O primeiro é a expansão da renda:
14 uma classe média maior gasta mais, tanto em volume quanto
15 em qualidade. Tão importante quanto isso, no entanto, foi o
16 fato de que os fabricantes de azeite entenderam que cada lugar
17 tem as suas especificidades. Na Índia, por exemplo, o produto
18 passou a ser vendido na seção de produtos de beleza dos
19 supermercados. Além de nutrir os cabelos das indianas, ele é
20 usado na pele, para prevenir estrias.
21 Entre os integrantes dos BRICs, o Brasil é o que tem,
22 de longe, o maior mercado de azeite: o consumo deverá atingir
23 50.000 toneladas em 2010. Como o país tem forte influência
24 espanhola, italiana e portuguesa (os mais importantes
25 produtores mundiais), o hábito de usar o óleo em pizzas e
26 saladas é mais comum do que nos outros do grupo - e as
27 empresas do ramo praticamente não mudam suas táticas de
28 venda no mercado brasileiro. Na China, o comércio do
29 produto varia conforme o calendário. Em datas festivas, as
30 pessoas trocam vidros de azeite como presente. As empresas
31 se preparam para essa época e fazem embalagens especiais, já
32 que a finalidade do produto é enfeitar as estantes das casas.
33 "Os chineses quase não comem salada. Tivemos de encontrar
34 maneiras alternativas para vender lá", diz David Prats,
35 presidente do grupo espanhol Borges, um dos maiores
36 fabricantes de azeite do mundo. A companhia, que há quinze
37 anos vende seus produtos no Brasil por meio de importadoras,
38 decidiu no ano passado abrir uma filial no país. "O mercado
39 brasileiro está fervilhando. Enquanto as nossas vendas ficaram
40 estáveis em alguns países, no Brasil elas subiram 30% em
2009", completa o espanhol.

Renata Betti. O óleo da massa. In: Veja, 3/3/2010, p. 27.
Internet: <veja.abril.com.br> (com adaptações).