1 A Amazônia está de novo na berlinda. Mas agora é pra
2 valer, agora a região não sairá mais do noticiário. A insanidade
3 dos incendiários da floresta equatorial para fazer pasto data da
4 década de 70, auge do regime militar. A outra loucura - o
5 agro-negócio na selva - é mais recente. Muito mais remota é
6 a prática da derrubada de árvores para exportar madeira nobre.
7 Isso é tão antigo quanto a colonização portuguesa. Nem é
8 necessário dizer que todas essas práticas predadoras são
9 movidas por poderosos interesses econômicos. Mas isso não
10 exclui uma mistura perfeita de ganância com ignorância. A
11 palavra "desenvolvimento" pode ser vazia e até nociva se a
12 ação desenvolvimentista for predadora. Infelizmente é isso que
13 está acontecendo nas várias áreas do Norte do Brasil.
14 Euclides da Cunha, que em 1905 viajou pela
15 Amazônia, escreveu vários ensaios reunidos no livro À
16 Margem da História. Nunca esqueci uma de suas frases que,
17 a meu ver, é emblemática: "A Amazônia é um infinito que deve
18 ser dosado". Com isso, o autor do clássico Os Sertões queria
19 dizer que a Amazônia, além de múltipla e diversa, é dotada de
20 tamanha grandeza e complexidade que deve ser estudada por
21 partes. Cada rio tem uma história com particularidades
22 geográficas, sociais, culturais, simbólicas. Cada trecho da
23 floresta possui uma riqueza ambiental e humana que deve ser
24 estudada, analisada.
Milton Hatoum. Amazônia: um pouco antes do fim. In: Terra Magazine.
Internet: <www.terramagazine.terra.com.br> (com adaptações).
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