01 Da América à Ásia, da África à Europa, nenhum país escapa do grande vento da reforma dos sistemas de saúde. [...] Construir uma rede de atendimento médico revela-se necessário. Mas não é suficiente. “Instalações e serviços podem estar disponíveis e acessíveis, e ainda assim permanecerem insensíveis à cultura”, escrevem pesquisadores, ao fazerem um 05 balanço de 60 anos de “direito à saúde”, na revista especializada The Lancet. Eles citam o exemplo peruano, cujos programas destinados a debelar a mortalidade materna fracassaram até o momento em que eles levaram em conta o costume das mulheres de dar à luz agachadas, e forneceram os equipamentos adequados para isso. Uma mera questão de bom senso. [...] 10 Outro sistema importante é o dos antigos países comunistas do bloco soviético. Baseava-se nos grandes hospitais e nos sanatórios. O atendimento médico de bairro praticamente não existia. Já pouco eficiente no final do antigo regime, esse modelo explodiu com a queda das subvenções públicas vinculadas à conversão desses países aos dogmas liberais e ao desmoronamento econômico. [...] 15 Resta o caso dos países ricos, em que o acesso em massa aos tratamentos passa pelos médicos de bairro, os especialistas, assim como pelos estabelecimentos mais avançados e sofisticados. No cerne desse conjunto, podemos distinguir os sistemas nos quais a gratuidade é garantida e a oferta de tratamentos financiada pelo Estado (Suécia); os sistemas de seguro-doença (Japão) nos quais a oferta pode ser pública ou privada e os 20 custos dos tratamentos são mútuos; e, por fim, os sistemas majoritariamente privados (Estados Unidos).
BULARD, Martine. Os sistemas de saúde no mundo. Le Monde Diplomatique Brasil. Ano 3, n. 31, fev. 2010, p. 32-33. [Adaptado]
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