ACESSE GRATUITAMENTE + DE 450.000 QUESTÕES DE CONCURSOS!

Comentários / Ministério do Turismo - MTur - Agente Administrativo - Fundação Universa - 2010 - Prova Objetiva


7-10

 

 

1      Bicicleta é meu meio de transporte preferencial 

        desde os treze, quatorze anos de idade. Eu ia pedalando 

        para a escola, para a faculdade. Sejamos honestos: não 

4      comecei a pedalar por consciência ambiental. Nem existiam 

        essas coisas, acho (eu, assim como todo mundo que eu 

        conhecia, jogava lixo no chão, sem nenhuma cerimônia). 

7      Comecei a pedalar porque era mais divertido. Mas o fato é 

        que comecei — e não larguei nunca mais. 

        Mais de vinte anos pedalando em São Paulo fizeram

 

10     de mim um ciclista agressivo. Aprendi a enfiar a bicicleta nas 

        brechinhas entre os carros, a olhar os motoristas 

        desafiadoramente, a espatifar eventuais retrovisores, a 

13     levantar o dedo médio com alguma frequência.  

        Trânsito é formado por mim, por você, pelos nossos 

        carros, nossas bicicletas. Cabe a nós melhorá-lo. E o melhor 

16     jeito de melhorar as coisas é conversando. Sem deixar 

        passar quando vê algo errado. Sem deixar a raiva esgotar a 

        razão. 

19     Fui experimentar a ciclofaixa que a prefeitura de São 

        Paulo inaugurou, perto do Ibirapuera. Domingo de manhã, 

        dia de sol, muita gente, clima de festa, pais ensinando 

22     filhinhos a pedalar.  Dava para ver que tinha muita gente lá 

        que nunca tinha pedalado em São Paulo.  

        Mas essa história de confinar as bicicletas aos 

25     domingos, das sete ao meio-dia, é mais para controlar os 

        ciclistas que para dar espaço a eles. Parece que a iniciativa 

        foi mais para tirar bicicletas da frente dos carros que para 

28     estimular a gente a pedalar. 

        O mais triste é que essa iniciativa vai na contramão 

        de estimular a convivência entre carros e  bikes. Separados 

31     por uma fileira de cones, ciclistas e motoristas nem se olham 

        na cara. 

        Uma cidade pode convidar as bicicletas para ajudar 

34     a melhorar o trânsito. Um bom jeito de abordar o tema é 

        dando uma olhada em exemplos internacionais.  

        Vejamos, por exemplo, São Francisco, nos Estados 

37     Unidos. As ciclovias (ruas apenas para bicicleta, onde carros 

        não entram) e as ciclofaixas (faixas demarcadas no  chão, 

        exclusivas para ciclistas) não são muitas. Mas nem  só de 

40     ciclovias e ciclofaixas se faz um paraíso ciclístico; em ruas 

        largas, carros e bicicletas compartilham o mesmo espaço. 

        Não há lá separação física entre carros e bicicletas, apenas 

43     uma sinalização ostensiva para que os motoristas saibam 

        que aquele lugar é também para se pedalar. Motorista que 

        entra lá sabe que, se houver uma bicicleta à frente dele, será 

46     preciso manter distância dela, pois ele não pode 

        ultrapassá-la. Dá para uma pessoa sair de qualquer lugar da 

        cidade e chegar a qualquer outro lugar. É isso que eu 

49     chamo de infraestrutura ciclística. É isso que as grandes 

        cidades brasileiras poderiam começar a construir —

        inaugurando algumas raras ciclofaixas em ruas 

52     movimentadas, mas principalmente sinalizando o 

        compartilhamento em ruas com trânsito mais tranquilo. 

        Em Paris, onde não há ciclovias ou ciclofaixas, a 

55     faixa de ônibus é compartilhada com as bicicletas.  E os 

        ônibus respeitam. Mantêm distância das bicicletas e não 

        ultrapassam, mesmo que seja um velhinho pedalando 

58     devagar com uma baguete debaixo do braço. 

        Em Bogotá, a infraestrutura é bem menor que a de 

        Paris. Mas o espaço destinado ao ciclista forma um grande 

61     quadriculado, com vias que interligam toda a cidade.  

        E as vias são só um pedacinho da história; tem 

        muito mais a fazer: bicicletários nas calçadas em vias 

64     movimentadas, vagões de metrô adaptados para  bikes (um 

        por trem), racks de bicicleta nos ônibus e, fundamental, uma 

        imensa campanha de conscientização, de educação para o 

67     trânsito. Bom marketing é mais que investir em imagem — é 

        efetivamente melhorar a vida das pessoas. Isso gera uma 

        gratidão que não tem preço. E o turismo também sai 

70     ganhando com isso: trânsito mais humano, maior 

        hospitalidade. 

 

Denis Russo Burgierman. Internet: <http://veja.abril.com.br> 

 (com adaptações). Acesso em 29/8/2010.

 

 

Questão:

A respeito de aspectos gramaticais, estilísticos e semânticos do texto II, assinale a alternativa correta

Resposta errada
a)

A frase “Mas nem só de ciclovias e ciclofaixas se faz um paraíso ciclístico; em ruas largas, carros e bicicletas compartilham o mesmo espaço” (linhas de 39 a 41) exemplifica a neutralidade da linguagem denotativa do texto, que busca sustentação científica para a tese defendida.

Resposta correta
b)

A frase “Motorista que entra lá sabe que, se houver uma bicicleta à frente dele, será preciso manter distância dela, pois ele não pode ultrapassá-la” (linhas de 44 a 47) está dentro dos padrões do estilo formal brasileiro.

Resposta errada
c)

O trecho confinar as bicicletas aos domingos, de sete ao meio-dia, é mais para controlar os ciclistas que para dá-los espaços reescreve corretamente o original das linhas de 24 a 26.

Resposta errada
d)

Os dois períodos do segundo parágrafo do texto criam uma relação interna de contraste.

Resposta errada
e)

As palavras “Bogotá”, “lá”, “você”, “vê”, “também”, “nós”, “metrô” têm acento gráfico por serem todas oxítonas terminadas em vogal, seguida ou não de m ou s.

Comentários

Ainda não há comentários

Deixe o seu comentário aqui

Para comentar você precisa estar logado.
E-mail: Senha:

Não é cadastrado?

⇑ TOPO

 

 

 

Salvar Texto Selecionado


CONECTE-SE

Facebook
Twitter
E-mail

 

 

Copyright © Tecnolegis - 2010 - 2024 - Todos os direitos reservados.