1 Para chegar a uma definição aproximada de
jornalismo e de imprensa, comecemos pelo que não é nem um
nem outro. Um mero relato factual não é necessariamente um
4 relato jornalístico. Um documento oficial também não é
jornalismo. Se formos minimamente rigorosos, veremos que as
atas do Senado romano não eram jornalismo, embora fossem
7 peças informativas e periódicas e apresentassem um relato
mais ou menos factual. Não eram jornalismo porque eram
manifestações oficiais de uma instituição do poder político.
10 Elas eram discurso oficial — e discurso oficial é o oposto de
jornalismo.
As atas do Senado romano de dois mil anos atrás
13 decorriam muito mais da necessidade de divulgação dos atos
do Senado e muito menos do direito do povo de saber dos
assuntos oficiais, uma vez que, em Roma, fiscalizar o poder
16 não era um direito do cidadão. Desse modo, embora fossem, ao
que consta, mais ou menos diárias, não poderiam ser vistas por
nós, hoje, como peças jornalísticas.
19 Muitas outras narrativas, que têm cara de discursos
informativos, jornalísticos, também não são jornalismo. Relatos
da história da humanidade não são necessariamente
22 jornalísticos. Heródoto, por exemplo, historiador grego,
compôs textos repletos de novidades fascinantes, capazes de
envolver, de maravilhar o leitor, até hoje. Mas ele não fez
25 jornalismo. E isso não apenas porque seus textos não eram
periódicos. Ele não fez jornalismo porque não escreveu para os
cidadãos que fiscalizavam o poder. Esse é o ponto central.
Eugênio Bucci. Liberdade de imprensa e regulação da mídia.
Internet:
Julgue o(s) item(ns) seguinte(s), relativo(s) a aspectos morfossintáticos e semânticos do texto.
A repetição da conjunção "e", no trecho "embora fossem peças informativas e periódicas e apresentassem um relato mais ou menos factual" (L. 6-8), é um recurso utilizado pelo autor para enfatizar as características atribuídas às atas do Senado romano
Certa. |
Errada. |
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