1 A língua que falamos é um bem se considerarmos “bens” as coisas úteis aos homens. Para que se tenha uma visão maior sobre a importância da utilidade da língua, basta imaginar a vida em sociedade sem a existência dela. 2 Para que se realize com efi cácia (ou não) aquilo que desejamos comunicar, temos que nos conscientizar de que a língua que falamos é nosso principal veículo de comunicação. 3 Berlo (2000: 37 - 46), em estudo sobre a teoria e prática da comunicação, defende a idéia de que o modelo comunicativo se da por meio de um processo. Para ele, a palavra processo se define denotativamente como “qualquer” fenômeno que apresente contínua mudança no tempo ou qualquer operação ou tratamento contínuo. O autor ilustra o termo “processo” como uma passagem filosófica: Quinhentos anos antes de Cristo, Heráclito destacou a importância do conceito de processo, ao declarar que um homem não pode entrar duas vezes no mesmo rio; “o homem será diferente e assim também o rio”. (BERLO, 2000). 4 Tomemos a situação de comunicação na qual está empenhado um advogado: este profi ssional recebe um cliente e escuta-lhe a consulta. Após entender o “fato” relatado, resolve aceitá-lo. Ambos estão inseridos no processo de comunicação. 5 O exemplo da situação comunicativa demonstra o significado do processo da comunicação ou de como se da a inter-relação entre os ingredientes básicos. O exemplo foi elementar, mas mesmo assim a comunicação é bastante complexa. O processo que acabamos de descrever ocorre em apenas uma fração mínima do tempo gasto em descrevê-lo. Mas, o que poderia ter saído errado? 6 Suponhamos que o cliente não tivesse “o fato” bem esclarecido ou que a linguagem utilizada por ele fosse bem distante da utilizada pelo advogado. Suponhamos que o advogado se fizesse de rogado e dificultasse o ato da comunicação utilizando uma linguagem técnica, própria da área jurídica. Para terminar, ainda, suponhamos que o caso fosse difícil de ser relatado, dadas as circunstâncias e diferenças entre o profissional da área de direito e o meio (espaço geográfico) de onde veio o cliente. 7 São esses apenas alguns exemplos das inúmeras possibilidades que podem sair erradas, mesmo em uma simples situação entre pessoas. Caso a comunicação não se efetue de uma maneira geral, alguns fatores são responsáveis pela parcialidade da comunicação. Quais fatores, no processo da comunicação, determinam a fidelidade comunicacional, quando se trata de uma linguagem do Direito? 8 Sabemos que o Direito é uma profi ssão de palavras. Segundo Kaspary (2003), em toda profissão, a palavra pode ser útil, inclusive necessária. No mundo do Direito, ela é indispensável, como afirma o jurista italiano Carnelutti “nossas ferramentas não são mais que palavras”. Segundo ele, todos empregam palavras para trabalhar, mas para o jurista, elas são precisamente a matéria-prima da atividade. 9 As leis são feitas com palavras, como as casas são feitas com tijolos, acentua Kaspary. Ao elaborar um suposto contrato de trabalho, o advogado firmará com o cliente um acordo, por meio de palavras orais e escritas. O mesmo irá suceder, quando o advogado for atuar na defesa e ou acusação de seu cliente. Ambos terão papeis trocados. 10 Os juízes e os tribunais, em suas sentenças, acórdãos e arestos, decidem mediante palavras. O que pode ocorrer é que o desenvolvimento da linguagem jurídica não seja eficaz e provoque um rebuscamento gratuito ou mesmo um discurso oco, balofo, que poderá prejudicar, inclusive, a consistência dos argumentos. A linguagem, portanto, seja ela advinda de qualquer âmbito profi ssional, deve ser entendida como atividade social, uma vez que nasce e se estrutura na interação ou inter-relação entre os sujeitos envolvidos no ato da comunicação.
(ABI-SÁBER, Ângela. (et.al.) in: Humanização do Direito: novas perspectivas.
Editora Legal, 2006. Rio de Janeiro, 2006. pp. 25-37- texto adaptado).
Assinale a proposição CORRETA a respeito dos homônimos perfeitos:
a)
"...O acordo será firmado através de palavras orais e escritas". "Acordo sempre no horário previsto". |
b)
"Os juízes e os tribunais, em suas sentenças, acórdão e arestos, decidem mediante palavras". "A mãe não soube ensinar as sentenças à filha". |
c)
"O que se critica, de agora em diante, não pode ficar impune". "A crítica que ela fez ao tribunal não tinha respaldo". |
d)
"O estudante tropeça nas palavras, durante o discurso de paraninfo". "O tropeço do advogado, quando discursava, o levou ao chão". |
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