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Comentários / Tribunal de Contas do Estado - TCE - São Paulo - Auxiliar da Fiscalização Financeira II - FCC - Fundação Carlos Chagas - 2012 - Prova Objetiva


B Potuguês

          Tememos o acaso. Ele irrompe de forma inesperada e imprevisível em nossa vida, expondo nossa impotência contra forças
desconhecidas que anulam tudo aquilo que trabalhosamente penamos para organizar e construir. Seu caráter aleatório e gratuito
rompe com as leis de causa e efeito com as quais procuramos lidar com a realidade, deixando-nos desarmados e atônitos frente à
emergência de algo que está além de nossa compreensão, que evidencia uma desordem contra a qual não temos recursos. O acaso
deixa à mostra a assustadora falta de sentido que jaz no fundo das coisas e que tentamos camuflar, revestindo-a com nossas
certezas e objetivos, com nossa apreensão lógica do mundo.
         Procuramos estratégias para lidar com essa dimensão da realidade que nos inquieta e desestabiliza. Alguns, sem negar sua
existência, planejam suas vidas, torcendo para que ela não interfira de forma excessiva em seus projetos. Outros, mais infantis e
supersticiosos, tentam esconjurá-la, usando fórmulas mágicas. Os mais religiosos simplesmente não acreditam no acaso, pois creem
que tudo o que acontece em suas vidas decorre diretamente da vontade de um deus. Aquilo que alguns considerariam como a
manifestação do acaso, para eles são provações que esse deus lhes envia para testar-lhes sua fé e obediência.
         São defesas necessárias para continuarmos a viver. Se a ideia de que estamos à mercê de acontecimentos incontroláveis que
podem transformar nossas vidas de modo radical e irreversível estivesse permanentemente presente em nossas mentes, o terror nos
paralisaria e nada mais faríamos a não ser pensar na iminência das catástrofes possíveis.
         Entretanto, tem um tipo de homem que age de forma diversa. Ao invés de fugir do acaso, ele o convoca constantemente. É o
viciado em jogos de azar. O jogador invoca e provoca o acaso, desafiando-o em suas apostas, numa tentativa de dominá-lo, de curvá-lo,
de vencê-lo. E também de aprisioná-lo. É como se, paradoxalmente, o jogador temesse tanto a presença do acaso nos demais
recantos da vida, que pretendesse prendê-lo, restringi-lo, confiná-lo à cena do jogo, acreditando que dessa forma o controla e anula
seu poder.

(Trecho de artigo de Sérgio Telles. O Estado de S. Paulo, 26 de novembro de 2011, D12, C2+música)

Questão:

... rompe com as leis de causa e efeito com as quais procuramos lidar com a realidade ... (1.º parágrafo)

Há relação de causa e efeito no desenvolvimento do texto entre as situações que aparecem em:

Resposta correta
a)

a inquietação decorrente da possibilidade de surgirem situações inesperadas e o planejamento racional das atividades diárias, levado a efeito por certas pessoas. (2.º parágrafo)

Resposta errada
b)

a presença inesperada do acaso em nossas vidas e a objetividade que deve levar à compreensão de sua ocorrência. (1.º parágrafo)

Resposta errada
c)

a constatação da ocorrência usual de fatos aleatórios e a exposição das pessoas a essas forças desconhecidas. (1.º parágrafo)

Resposta errada
d)

a percepção da falta de sentido das coisas e a tentativa de entender o mundo de maneira lógica e objetiva. (1.º parágrafo)

Resposta errada
e)

o medo de acontecimentos imprevistos na vida cotidiana e a constatação de que grandes catástrofes sempre podem ocorrer. (3.º parágrafo)

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