As sociedades modernas da Europa ocidental, ou dos continentes e espaços colonizados ou profundamente influenciados por ela, que hoje abrangem quase todo o globo terrestre, podem ser descritas sucintamente 5 por alguns traços gerais: o Estado-nação, o capitalismo, a forma industrial de organização da produção; a convivência e sociabilidade urbanas; e os valores jurídicos constitucionais de liberdade e igualdade. Tais traços, por si sós, entretanto, não eliminaram seus contrários 10 – solidariedades étnicas, formas pré-capitalistas de produção, a vida rural ou as hierarquias sociais. A novidade moderna consiste, antes, na rearticulação, em todos os planos, das formas e relações sociais antigas sob a égide desses novos traços. 15 Assim, no que diz respeito à organização social, as hierarquias, os privilégios, as deferências e os outros modos de expressão das desigualdades entre os seres humanos passaram, para serem aceitos, a depender de outras lógicas de construção e justificação. Tornaramse, 20 do mesmo modo, fontes permanentes de contestação, propiciadoras de lutas libertárias de emancipação e fermento de novas identidades sociais.
(Antonio Sérgio Alfredo Guimarães. “Desigualdade e diversidade: os sentidos contrários da ação”. In Agenda
brasileira: temas de uma sociedade em mudança. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. p. 168)
É INCORRETO afirmar:
a)
a expressão no que diz respeito à organização social (linha 15) traduz, no contexto, uma circunstância, implicando um traço restritivo. |
b)
a ideia de que hierarquias, privilégios e deferências (linha 16) expressam desigualdades entre os seres humanos está presente no texto, mas de modo subentendido. |
c)
em sociedades modernas, europeias ou não, houve uma ampla reorganização da ordem social quando formas de ação conservadoras conseguiram se sobrepujar aos modernos modos de articulação social, forma de produção e valores jurídicos. |
d)
em aparente contradição, em quase todo o mundo, as desigualdades entre os seres humanos são concomitantemente admitidas e rejeitadas, recusa esta que instiga alterações na organização social. |
e)
compreende-se do texto que grupos humanos buscam legitimar as desigualdades (linha 17) entre os seus componentes encadeando-as coerentemente nas convenções da sua peculiar organização social. |
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