1 Na história das ideias, são raras as proposições gerais que não se desfazem em exceções. É necessário, no entanto, generalizar e comparar, e a generalização que nos servirá de 4 ponto de partida está entre as mais robustas de que a história das ideias é capaz. Ei-la: o grande divisor de águas no tocante à evolução da noção de progresso civilizatório e do seu 7 impacto sobre a felicidade humana foi o Iluminismo europeu do século XVIII — a “era da razão”. A equação fundamental do Iluminismo pressupunha a existência de uma espécie de 10 harmonia preestabelecida entre o progresso da civilização e o aumento da felicidade. A meteorologia usa o barômetro para medir a pressão 13 da atmosfera e prever as mudanças do clima. Se a história das ideias possuísse um instrumento análogo, capaz de fazer leituras barométricas dos climas de opinião em determinados 16 períodos e de registrar as variações de expectativa em relação ao futuro em diferentes épocas, então haveria pouca margem para dúvida de que o século XVIII deslocaria o ponteiro da 19 confiança no progresso e no aumento da felicidade humana ao longo do tempo até o ponto mais extremo de que se tem notícia nos anais da história intelectual.
Eduardo Giannetti. Felicidade: diálogos sobre o bem-estar na civilização.
São Paulo: Companhia das Letras, 2002. p. 19-22 (com adaptações).
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