Em seu sentido tradicional, a cidadania expressa um conjunto de direitos e de deveres que permite aos cida- dãos e cidadãs o direito de participar da vida política e da vida pública, podendo votar e serem votados, participan- 5 do ativamente na elaboração das leis e do exercício de funções públicas, por exemplo. Hoje, no entanto, o signi- ficado da cidadania assume contornos mais amplos, que extrapolam o sentido de apenas atender às necessidades políticas e sociais, e assume como objetivo a busca por 10 condições que garantam uma vida digna às pessoas. Entender a cidadania a partir da redução do ser hu- mano às suas relações sociais e políticas não é coerente com a multidimensionalidade que nos caracteriza e com a complexidade das relações que cada um e todas as 15 pessoas estabelecem com o mundo à sua volta. Deve- se buscar compreender a cidadania também sob outras perspectivas, por exemplo, considerando a importância que o desenvolvimento de condições físicas, psíquicas, cognitivas, ideológicas, científi cas e culturais exerce na 20 conquista de uma vida digna e saudável para todas as pessoas. Tal tarefa, complexa por natureza, pressupõe a edu- cação de todos (crianças, jovens e adultos), a partir de princípios coerentes com esses objetivos, e com a inten- 25 ção explícita de promover a cidadania pautada na demo- cracia, na justiça, na igualdade, na equidade e na par- ticipação ativa de todos os membros da sociedade nas decisões sobre seus rumos. Dessa maneira, pensar em uma educação para a cidadania torna-se um elemento es- 30 sencial para a construção da democracia social. Entendemos que tal forma de educação deve visar, também, ao desenvolvimento de competências para lidar com: a diversidade e o conflito de ideias, as influências da cultura e os sentimentos e emoções presentes nas re- 35 lações do sujeito consigo mesmo e com o mundo à sua volta. Uma questão a ser apontada é que atualmente as crianças e os adolescentes vão à escola para aprender as ciências, a língua, a matemática, a história, a física, a 40 geografia, as artes, e apenas isso. Não existe o objetivo explícito de formação ética e moral das futuras gerações. Entendemos que a escola, enquanto instituição pública. criada pela sociedade para educar as futuras gerações,. deve se preocupar também com a construção da cida-. 45 dania, nos moldes que atualmente a entendemos. Se os. pressupostos atuais da cidadania têm como base a ga- rantia de uma vida digna e a participação na vida política e pública para todos os seres humanos e não apenas para uma pequena parcela da população, essa escola deve 50 ser democrática, inclusiva e de qualidade, para todas as crianças e adolescentes. Para isso, deve promover, na teoria e na prática, as condições mínimas para que tais objetivos sejam alcançados na sociedade. Mas como os valores são apropriados pelos sujei- 55 tos? Adotamos a premissa de que os valores não são nem ensinados, nem nascem com as pessoas. Eles são construídos na experiência significativa que as pessoas estabelecem com o mundo. Essa construção depende di- retamente da ação do sujeito, dos valores implícitos nos 60 conteúdos com que interage no dia-a-dia e da qualidade das relações interpessoais estabelecidas entre o sujeito e a fonte dos valores. (...)
Autor: Ulisses F. Araújo. Fonte: Texto disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/
storage/ materiais/0000015509.pdf Acesso em 01/10/2011
Quanto ao tipo textual escolhido pelo autor, pode-se afirmar que foi utilizada a sequência
a)
narrativa, pelas marcas de temporalidade. |
b)
injuntiva, pela presença de verbos no imperativo. |
c)
argumentativa, caracterizada pela progressão lógica de ideias. |
d)
explicativa, pela identifcação de fenômenos e exposição de conceitos. |
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