1 Kant inicia a exposição da ética, que ele chama metafísica dos costumes, pela afirmação de que “toda legislação” compreende duas partes: em primeiro lugar, “uma 4 lei que representa como objetivamente necessária a ação que deve ser cumprida, isto é, que faz da ação um dever; e, secundariamente, um motivo que liga subjetivamente à 7 representação da lei o princípio de determinação do livre-arbítrio a essa ação” e acrescenta: “A segunda parte equivale a dizer que a lei faz do dever um motivo”. 10 Pois bem, a legislação que faz de uma ação um dever e, ao mesmo tempo, desse dever um motivo, é uma legislação ética. O sujeito cumpre a lei por dever de consciência. 13 Diversamente, aquela que não liga o motivo à lei e, por conseguinte, admite um outro motivo que não a lei do dever é jurídica. “No concernente a esta última legislação”, observa 16 Kant, “vê-se facilmente que os motivos diferentes da ideia do dever hão de ser deduzidos de princípios patológicos de determinação do livre-arbítrio, as inclinações e aversões, mais 19 destas do que daquelas, pois essa legislação deve ser coativa e não atrativa.” Assim, os deveres decorrentes da legislação jurídica são necessariamente exteriores, pois essa legislação, 22 para Kant, “não exige que a ideia do dever, que é interior, seja por si mesma um princípio de determinação do livre-arbítrio do sujeito ativo e, como ela necessita de motivos apropriados às 25 leis, ela só pode ligar a estas motivos exteriores”. Daí a razão por que, segundo o filósofo, “a doutrina do direito e a doutrina da virtude distinguem-se menos pela 28 diferença entre os deveres do que pela diferença de sua legislação, que vincula um ou outro motivo à lei”. E exemplifica: “Cumprir uma promessa contratual é um dever 31 exterior; mas o mandamento de agir unicamente porque se trata de um dever, sem levar em conta outro motivo, diz respeito apenas à legislação interior”.
Fábio Konder Comparato. Em que consiste o direito. In: Ética: direito, moral e religião no mundo moderno. São Paulo: Cia. das Letras, 2006, p. 298-9 (com adaptações).
Segundo Kant, os indivíduos cumprem, por exemplo, uma promessa contratual por um dever exterior, movidos, sobretudo, por um dever de consciência.
Certa. |
Errada. |
O vocábulo que, em ‘que deve ser cumprida’ (L.4-5) e ‘que faz da ação um dever’ (L.5) tem o mesmo referente no período.
Certa. |
Errada. |
No texto, a expressão ‘toda legislação’ (L.2-3) está empregada no sentido de a integralidade da legislação jurídica de uma nação.
Certa. |
Errada. |
Em “que ele chama metafísica dos costumes” (L.1-2), o trecho em itálico, que exerce, na oração, a função de complemento verbal, deveria estar precedido da preposição de.
Certa. |
Errada. |
Na linha 26, “por que” poderia, sem prejuízo para a correção gramatical, ser grafado porque, em razão de estar empregado como conjunção causal, tal como ocorre em “mas o mandamento de agir unicamente porque se trata de um dever” (L.31-32).
Certa. |
Errada. |
1 Na vida e na história real, toda cultura é plural, é um complexo de práticas, crenças e valores em contínua transformação, sempre a criar e destruir elementos, a adotar 4 novos itens de estranhos ou transmitir-lhes os seus próprios e em permanente conflito interno. Cada identidade pessoal forma-se, inevitavelmente, tendo como referência um complexo 7 cultural recebido, mas de maneira igualmente inevitável conflita com ele em busca de desenvolvimento e mudança, recorrendo à própria criatividade ou inovações “de fora”. 10 “Identidade” não é tanto o que se tem de igual (a outros indivíduos formados por influências culturais semelhantes) quanto o que se tem de diferente. Não se deve defender a 13 pureza e a eternidade de uma cultura, dominante ou oprimida, mas a igualdade e o respeito entre portadores de diferentes tradições e criadores de novas ideias e sínteses.
Antonio Luiz M. C. Costa. A cultura da barbárie. In: CartaCapital, 10/ago./2011, p. 50-1 (com adaptações).
Nas linhas 9 e 10, as aspas indicam que as expressões incorporadas ao texto refletem o senso comum e caracterizam linguagem oral.
Certa. |
Errada. |
A ideia de alteridade permeia o parágrafo, o que se confirma por meio da relação entre tradição e criação, bem como entre semelhança e diferença.
Certa. |
Errada. |
Segundo o autor, a identidade pessoal é formada, inexoravelmente, a partir de uma contradição: conservação versus mudança dos valores de uma cultura.
Certa. |
Errada. |
1 Os seguidores de Ned Ludd, chamados luditas, trabalhadores da indústria têxtil inglesa, se revoltaram contra a invenção de teares automatizados, que ameaçavam seus 4 empregos, no começo do século XIX, e pregaram a destruição de todas as máquinas que substituíssem o trabalho humano. A história social e econômica dos Estados Unidos da América 7 se divide em antes e depois da massificação, pela Ford, da produção dos seus carros — que empestavam o ambiente, além de assustar os cavalos, e, por isso, foram duramente 10 combatidos. Reações a novidades tecnológicas se repetem ao longo da história, movidas pelo medo à obsolescência, como no caso 13 dos luditas, incompreensão ou apego ao passado. O capítulo mais recente e mais curioso dessa briga é a decisão do governo inglês de restringir o uso, no país, das redes sociais, que todo 16 o mundo achava maravilhosas até revelarem um potencial subversivo que ninguém previra. Enquanto twitter e facebook animaram as revoltas contra os déspotas e por aberturas 19 democráticas nas ruas árabes, tudo bem. Eram as redes sociais, o produto mais moderno da engenhosidade humana, usadas para modernizar sociedades atrasadas. Mas descobriram que os 22 quebra-quebras e queima-queimas nas ruas inglesas estavam sendo, em grande parte, também tramados na Internet. Epa — ou o equivalente em inglês — disseram os ingleses. Aqui não. 25 Conservadores e trabalhistas se uniram para condenar a violência e o vandalismo e negar qualquer outra motivação, além de banditismo nato, para a rebelião. E todos, 28 presumivelmente, concordaram com as medidas do governo para evitar novos distúrbios, incluindo o controle das redes sociais. Resta saber se o controle ainda é possível. O monstro 31 talvez não seja mais domável. Já acabou com qualquer pretensão a se manterem segredos oficiais secretos, já invadiu a privacidade de meio mundo e já sentiu o gosto do sucesso 34 como instigador de revoltas — sem falar que ninguém mais consegue viver sem ele. Agora pode não haver mais o que fazer. Se tivessem 37 parado na invenção do trem...
Luís Fernando Veríssimo. Internet: <www.estadao.com.br noticias> (com adaptações).
Levando-se em consideração o que está previsto na ortografia oficial vigente, é correto afirmar que: o vocábulo “têxtil” (L.2), que segue o padrão de flexão do vocábulo pênsil, é acentuado também na forma plural; “obsolescência” (L.12) é vocábulo que segue o padrão do vocábulo ciência, no que se refere ao emprego de sinal de acentuação; a acentuação gráfica do vocábulo “déspotas” (L.18) também é empregada quando o vocábulo é grafado na forma singular.
Certa. |
Errada. |
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